Por Zedejesusbarreto
Apesar de ter sufocado, dominado e criado bem mais chances de golear que o adversário no tempo regulamentar, o Sport Recife deu mole, fez apenas um gol (1 x 0), não decidiu a partida como seu torcedor esperava e, na cobrança de penalidades, o Ceará foi mais competente; o goleiro Richard brilhou (pegou duas cobranças) e o Vozão Cearense sagrou-se Campeão da Copa do Nordeste pela terceira vez, com o gostinho a mais de conquistar o título no Recife, dentro da Ilha do Retiro repleta, um caldeirão rubro-negro, sob uma pressão intensa, dentro e fora do gramado.
Ceará três vezes campeão!
O jogo foi inteiro do Sport, mas o futebol é um jogo do imprevisível e a bola tem seus desígnios. O Leão pernambucano correu como nunca, sufocou, amassou o adversário no primeiro tempo, fez 1 x 0 e poderia ter goleado. No segundo tempo o Ceará equilibrou um pouco, mostrou maturidade, mas foi o Sport que criou as melhores chances de gol. Não fez. O time correu tanto que no final esgotou-se física e emocionalmente.
O gol solitário não bastou. O Ceará vencera por 2 x 1 em Fortaleza e no placar agregado a peleja ficou empatada, 2 x 2. Daí, a cobrança de penalidades. O Vozão foi mais feliz, mais competente (fez 4 x 2 ), e levou a taça pela terceira vez, igualando-se ao próprio Sport.
Só Bahia e Vitória têm 4 títulos.
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Na Ilha do Retiro
– Antes do jogo, muita confusão. Nas ruas de Recife, conflito entre torcedores, com tiroteios e pancadarias. Entre os cartolas, um show de irresponsabilidades.
– O presidente da FPF disse que foram vendidos e distribuídos mais de 40 mil ingressos, quando a capacidade da Ilha do Retiro é de 26 mil (público oficial divulgado abaixo de 25 mil). O cartola falou que a polícia pernambucana estava desesperada (ou seria despreparada?) para o clima hostil criado e responsabilizou a diretoria do Sport, que não aceitou fazer o jogo na Arena Pernambuco. Um ‘seja o que Deus quiser’, enfim.
– Os dirigentes do Ceará classificaram a situação como de ‘urgência e gravíssima’, pedindo adiamento da partida. Temiam pela segurança dos torcedores, atletas e delegação cearense. Mas, depois do tititi, o dia inteiro, o jogo foi mantido. O presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, presente.
– Um espetáculo de luzes, bandeiras, fogos, fumacê e música antes de a bola rolar, aquecendo as arquibancadas lotadas. A taça/troféu ‘Orelhuda’ trazida a campo e apresentada ao público por ex-ídolos, artilheiros dos clubes: Neto Baiano e Magno Alves.
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– O Ceará venceu o primeiro confronto, em Fortaleza, 2 x 1. O Vozão cearense com dois títulos e o Leão da Ilha pernambucano com três conquistas na competição.
– Tempo bom, sem chuvas, aquele gramado mastigado, manchado e fofo da Ilha – sempre uma vantagem para os donos da casa -, um caldeirão. O Sport com seu vermelho e preto fechado, tradicional, o Ceará com camiseta listrada em preto e branco/verticais, calções brancos.
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Com bola rolando …
– Começo nervoso, tenso, a bola ‘queimando’. O Sport, precisando vencer, pondo ritmo, velocidade, buscando o gol. O Ceará, com a vantagem do primeiro jogo, o empate lhe servia, sem pressa, na manha.
– Aos 7’, depois de uma saída de bola equivocada do goleiro Richard, o arco escancarado, Jorginho acertou o travessão cearense, o torcedor já gritando ‘gol’. Aos 9’, na pressão, Vagner Love entrou em velocidade pela esquerda, finalizou, parou na boa saída de Richard, abafando o lance, no chão. O Leão com mais apetite, em cima, avançado. O Vozão encolhido, suportando. Daí…
– Gol! 1 x 0 Sport, aos 26’. Juba, sempre ele, aproveitou-se bem de uma bobeira do veterano Danilo Barcellos, concluindo bem, abrindo o placar.
– Só aos 31’ a primeira investida cearense, num escanteio, a cabeçada assustando o goleiro Renan, que até então só apreciava o jogo. Mas, na pressão, o torcedor empurrando, o Leão ainda criou boas chances de ampliar aos 35 e aos 43’, em trapalhadas defensivas do alvinegro.
O Sport desceu pra o vestiário, no intervalo, com a vantagem no placar (1×0) e a possibilidade de decidir o título nas penalidades, mas foi um placar minguado, diante da superioridade pernambucana e das oportunidades de gol criadas, na pressão dos rubro-negros. Um vozão apático, amassado no primeiro tempo.
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Para a segunda etapa, Barroca lançou o meia Jean Carlos (ex-Náutico), saiu Artur Rezende, que nada fez. Logo no recomeço, com 2 minutos, sufoco do Leão e Juba finalizou livre, de frente, para uma defesaça de Renan, salvando o segundo. O Sport mantendo a intensidade, sem deixar o time cearense ‘gostar do jogo’, disposto a decidir tudo no tempo regulamentar. Só dava Leão.
– Aos 9’, num contragolpe rápido pela esquerda, bola cruzada e Vitor Gabriel chegou um tiquinho atrasado na pequena área, quase empatando, calando o torcedor. O jogo ficou um pouco mais equilibrado e aberto. Aos 12’, Juba bateu falta da esquerda, direta quando todos esperavam cruzamento, Richard espalmou a escanteio. Aos 15’, Luis Otávio evitou o segundo do Sport, mais pressão rubro-negra.
– Aos 17’, Jean Carlos conseguiu um bom arremate, a bola desviou no caminho, o Vozão dava sinais de vida, incomodando. Animado. Enderson pôs sangue novo, tentando manter o domínio, a intensidade – Vanderson e Felipinho em campo, saíram Carius e Edinho. Na sequência, duas bolas na trave de Richard em finalizações seguidas dos que entraram, Felipinho e Vanderson. O Leão queria mais.
Barroca respondeu, pondo em campo o meio-campista Chay e o lateral Michel, saíram Janderson e Warley – aos 32 minutos, numa tentativa de ganhar a disputa no meio-campo, sair da pressão pernambucana, então mais branda. O Vozão equilibrou mais, trocando passes e tentando surpreender na reta final; o Sport já não mantinha o ritmo alucinante da primeira etapa.
– O torcedor pernambucano tenso, a roer unhas, apreensivo, sonhava vencer, ser o campeão no tempo normal de jogo, que o árbitro estendeu até os 51 minutos. Aos 46’, Gabriel Santos tentou uma bomba da quina da grande área, pela direita, por cima. Aos 48’, Jean Carlos bateu escanteio fechado e quase fez gol olímpico pro Ceará.
– Toda emoção de uma final. O 1 x 0 não foi suficiente para definir o campeão.
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– Com o empate de 2 x 2 no placar agregado dos dois confrontos, a decisão do título foi mesmo para a cobrança de tiros livres diretos da marca do pênalti. Haja perna e cabeça, frieza para as cobranças. O Ceará venceu, 4 x 2. Vozão Campeão.
– Nas penalidades, brilhou o goleiro Richard, que defendeu as cobranças de Juba e Gabriel Santos. Fizeram Barcellos (que cobrou duas vezes, porque o goleiro do Sport adiantou-se e o VAR flagrou), Jean carlos, Louvanor e Erick.
Fortaleza em festa.
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Ficha técnica:
– Sport Recife, o time do treinador Enderson Moreira: Renan, Ewerthon, Rafael Thyere, Sabino e Igor Cariús; Ronaldo, Fabinho e Jorginho; Edinho, Luciano Juba e Vagner Love. ( Felipinho, Vanderson, Gabriel Santos, Chico e Pedro Martins)
– O Ceará escalado por Eduardo Barroca Richard; Warley, Thiago Pagnussat, Luiz Otávio e Willian Formiga (Danilo Barcelos) ; Richardson, Arthur Rezende e Guilherme Castilho; Janderson, Erick e Vitor Gabriel. (Jean Carlos, Louvanor, Chay, Michel)
– Arbitragem de Alagoas, no apito Denis da Silva Ribeiro Serafim / com VAR.
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Copa do Brasil
Por sorteio, a CBF definiu os confrontos (em dois jogos, lá e cá) decisivos das Oitavas de Final da Copa do Brasil 2023. Só oito seguem para as Quartas de Final. Os jogos acontecerão nos dias 17 e 31 de maio. O Bahia se pega com o Santos; o primeiro jogo é em São Paulo. Eis as pelejas:
– América MG x Internacional; Atlético Mineiro x Corínthians;
Athlético Paranaense x Botafogo/RJ; Flamengo x Fluminense; Grêmio x Cruzeiro;
Palmeiras x Fortaleza; Santos x Bahia; Sport Recife x São Paulo.
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Pela quarta rodada da Série B, o Vitória joga nesta sexta-feira, às 21h30, em Ribeirão Preto/SP, contra o Botafogo local.
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Foto: EC Ceará