Por Victor Pinto
Muitos dirigentes partidários que estiveram na reunião do Conselho Político do governador Jerônimo Rodrigues (PT), no último fim de semana, saíram só com uma certeza: as reuniões estão acontecendo e vão precisar mais e mais serem marcadas para resolverem questões necessárias, pois a resolução, a parte prática, a mão na massa ainda está na estaca zero. No sábado (2) foram mais de quatro horas de conversa para dar o start nas discussões de 2024, enquanto os cenários locais já estão pegando fogo.
O senador Jaques Wagner (PT) animado para a disputa e altamente elogiado pelo conselho, fez pontuações dos partidos que não estavam com Jerônimo na campanha de 2022 e agora fazem gracejos, a exemplo do PP, representado no encontro por Niltinho, Luciano Araújo, do Solidariedade, e Carletto, agora pelo Avante. A colocação de alguns municípios estratégicos também esteve entre os tópicos trabalhados no encontro.
Se falou sobre a importância de definir candidatos únicos em pelo menos 70 dos maiores municípios da Bahia. Se um prefeito pertencer a um partido que apoiou Jerônimo e o presidente Lula em 2022, ele deve ser priorizado e contar com o apoio de todos os aliados. Nas cidades onde houver disputas entre os partidos que apoiam o governo, Jerônimo sugeriu que eles tentassem resolver a questão internamente primeiro. Se não houvesse acordo, a questão seria levada ao governador para tentar encontrar uma solução juntos. Eis um ponto: Jerônimo, com sua agenda turbulenta e sua sanha de querer rodar a Bahia toda, vai conseguir dar atenção solicitada para essas demandas?
Levantado pelo presidente da AL-BA, Adolfo Menezes, outro grande “xis” da questão será o diferencial do peso nacional no processo. Até que ponto essa eleição sofrerá real interferência determinante do fator Lula (PT)? Assunto discutido na mesa. O governo tinha o diferencial da contribuição com obras, mas agora os deputados federais possuem poder de fogo semelhante ao de canalizar emendas, instrumento de um caminho sem volta. Adversários locais são aliados nacionais e conseguem ocupar espaços consideráveis, a exemplo do deputado Elmar Nascimento (UB) e a poderosa Codevasf. Concordo com a tese de que o jogo vai de igual para igual nesse quesito.
A eleição de 24 será uma grande prova de fogo para Jerônimo. Ele sim tem a perder se não estruturar suas bases nas grandes e médias cidades, principalmente por ter aplicado um novo jeito menos sisudo de conduzir a sua articulação política. Ao tratarem, na reunião do conselho, sobre números de Vitória da Conquista, Feira de Santana, Simões Filho e Juazeiro, a articulação passa um sinal de quase W.O. em Salvador. E digo quase, pois a capital, a joia da coroa, será discutida em reunião separada, mas o tempo está passando e o adversário já anda galopante à frente com sua estrutura considerável.
O governador, inclusive, pediu celeridade para resolver o caso, que vai se arrastar, pelo visto, até meados de outubro. Ainda em solo soteropolitano, com a desistência pedra cantada de Zé Trindade (PSB), o nome do vice-governador Geraldo Júnior (MDB), que já havia crescido na bolsa de apostas, entra na primeira semana do mês de setembro ainda mais forte. A conferir.
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Jornalista // twitter: @victordojornal