O futuro que já aconteceu

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Por Joaci Góes
(Para o médico e amigo Armênio Santos!)
Dentre tantas outras lições importantes, o teórico da Administração Peter Drucker(1909-2005), americano nascido na Áustria, nos legou o conceito do futuro presente ou o futuro que já aconteceu, de tal modo previsível um determinado acontecimento, tendo em vista o conjunto das forças que sobre ele atuam. Algo próximo da previsibilidade do tempo que leva para chegar ao solo um corpo mais denso do que o ar, lançado de determinada altura, segundo Lei Física.

À luz desse conceito, a previsibilidade do fracasso do Governo Lula não é cassandrismo barato do tipo que se enquadra no wishful thinking ou pensamento condicionado pelo desejo, postura incompatível com a análise científica dos fatos sociais, fator conducente aos maiores naufrágios da saga humana, mais letais do que as duas guerras mundiais do Século XX, como aconteceu com a União Soviética e a China, enquanto estiveram submetidas ao guante do Comunismo que, na soma dos dois países, matou, segundo dados oficiais, consensados pelos mais qualificados estudos acadêmicos, 127 milhões de pessoas, 68 na China, e 59 na União Soviética, sobretudo, nas administrações de Mao Tsé-Tung e Joseph Stalin. Hoje, a China e a Rússia se encontram sob o mais completo regime fascista.

A partir do que se viu no primeiro ano da atual Administração, no Brasil, deveremos ter mais do mesmo nos três anos que restam: uma interminável barganha de cargos e emendas para assegurar o mínimo de governabilidade junto ao Congresso, para o que conta de modo, aparentemente, incondicional, com a maioria do Judiciário que compõe a engrenagem da dominação pela dominação que caracteriza o momento infeliz que vivemos nesta gigantesca República de Bananas, chamada Brasil.

Vamos aos fatos: o pouco que o Brasil avançou, neste primeiro ano da Administração Lula, resultou da dinâmica contida na boa gestão Bolsonaro, caracterizada pela organização das finanças e seriedade na condução dos negócios públicos, de que são provas a eliminação dos déficits públicos e a lucratividade das empresas estatais, todas elas largamente deficitárias nos governos petistas. Reconheça-se a inegável qualidade da administração Temer que deixou o ambiente organizado para o seu sucessor. No campo social, basta ver a elevação do valor do Bolsa Família, que mais do que dobrou de valor, bem como a sensível redução da criminalidade, em geral, particularmente o número de homicídios.

No atual governo cresce, assustadoramente, todo tipo de criminalidade, contra o patrimônio e contra a vida, fato que resultaria, na percepção de muitos, do sentimento das organizações criminosas de que têm direito a uma gorda participação do botim nacional, tendo em vista o seu aferido papel eleitoral como fator decisivo na eleição do atual governo, percepção ampliada e aprofundada pela decisão do Judiciário de mandar soltar todos os acusados por assalto ao Erário, a começar pela anulação, por incompetência territorial, do processo que levou Lula à prisão. Um ex-governador do Rio, condenado a 420 anos em regime fechado, vem fazendo discursos, apoiados na lisura e na moralidade. E a patuleia ignara acompanha com fervor patriótico…

Não estranha a escalada da violência no campo, sobretudo nos estados, como na Bahia, em que, até recentemente, o aparelho policial foi impedido, pelos então governadores, de dar cumprimento a ordens judiciais de desocupação de áreas invadidas pelo MST, organização que se desvirtuou de seus propósitos originais para se associar com o crime organizado, como acontece em Porto Seguro. A menos que se pague, regiamente, aos seus representantes no Parlamento. O governador Jerônimo Rodrigues assegura que não compactuará com o crime, não importando a procedência. A conferir.
Para reverter a contínua e preocupante perda de participação do setor industrial, na formação do PIB, o Governo anuncia trezentos bilhões para financiar a ampliação e a formação de novas empresas. Medida útil e necessária. Teme-se, porém, que novas destinações abusivas serão a norma para acesso ilimitado a tais recursos, como ocorreu nos governos petistas do passado recente. Sem falar na baixa qualidade de nossa mão de obra para assegurar a competitividade de nossos manufaturados, característica da sociedade do conhecimento em que vivemos. Sem boa educação, não há boa mão de obra.

Não é cassandrismo. Tudo indica que teremos mais da mesma malandragem que atrofia o avanço do Brasil para o seu desejado futuro.
Deus queira que estejamos equivocados.