O PSD entre os ruídos e os sinais de 2026

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Por Victor Pinto

Nos últimos dias, o que se ouve são recados — alguns públicos, outros quase sussurrados. As recentes declarações do senador Jaques Wagner (PT) que foram arrefecendo ao longo da última semana soaram como uma resposta a perguntas sobre 2026. Tipo um recado cifrado, mas direto, para dentro da própria base. A quem interessar possa, o aviso: a movimentação por fora da fila tem limite.

Coronel, senador, foi o primeiro a ouvir o barulho da mensagem. Nos bastidores, cresceu a avaliação de que Wagner decidiu colocar o debate na rua agora para evitar o que aconteceu em 2022 com João Leão e o PP: discussão tardia com uma ruptura inevitável. Quem viveu o bastidor daquele ano sabe do que estou dizendo.

O senador do PSD tem se movimentado. Demais, até. Diálogos com aliados de ACM Neto, encontros fora da agenda, conversas em tom de “plano B”. A leitura no PT é clara: acenderam a luz amarela. Mas, do outro lado, Gilberto Kassab, comandante nacional do PSD, já cravou: o candidato na majoritária em 2026 é Coronel. E ponto. Otto Alencar confirmou o que conversei com ele logo no último fim de semana: só há um nome na mesa.

É nesse ponto que o jogo muda. Em 2018, quando Lídice da Mata foi rifada da chapa para a entrada de Coronel, o PSB gritou, mas não tinha o mesmo peso. Lídice tinha história, mas não tinha rede nacional, bancada forte nem alavanca em Brasília. Coronel tem isso a seu favor. Tem partido, tem Kassab, tem Otto — e tem mandato. Hoje, a substituição dele é diferente da realizada em 2018. E sabe disso.

Ao antecipar o debate, Wagner tenta virar a chave com tempo hábil. Se é para haver ruído, que ele venha agora. Se é para negociar, que seja com a ferida ainda fresca, e não com o machucado cicatrizado em mágoa. O que se quer evitar é um replay.

O PT, por mais que mantenha hegemonia eleitoral na Bahia, não governa sozinho. Ganha porque soma. E ninguém hoje soma mais que o PSD. No campo institucional, político e até simbólico. Otto carrega parte expressiva do interior. Kassab entrega capilaridade nacional. Coronel, quer gostem ou não, traz um traço de pragmatismo.

A chapa de rascunho pode virar desenho. Mas o desenho, por ora, não tem versão final. Até lá, o tempo será o senhor da diplomacia. E o jogo, o termômetro das vontades.

O que está claro é que o PSD não está em busca de um papel coadjuvante. E o PT precisa mais do aliado do que o contrário. Quem quiser construir maioria, vai ter que conversar. E quem quiser ganhar, vai ter que ceder. Porque o PT, sozinho, não cruza a linha de chegada. E essa é a única certeza antes de 2026. A conferir.
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Jornalista – twitter: @victordojornal