O sentido das palavras e a Imaginação

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Por Silvana Coelho
Os dicionários apresentam o significado das palavras. Na maioria das vezes facilita a comunicação.  Outras vezes, parece brincadeira: viver: ter vida; vida: modo de viver.

Na vida real, as palavras vão adquirindo simbolismos, que podem ser regionais, familiares, de certos grupos.

Por exemplo, na Bahia a expressão “sem capricho” é quase pejorativa. Denota algo feito sem esmero, de qualquer jeito. No Rio de Janeiro significa que a coisa pode ser melhor executada. Os significados se aproximam, mas tem conotação distinta.

A palavra “ridículo” pode ser muito ofensiva em algumas regiões ou para alguns grupos, e pode significar passível de riso, caricato, espalhafatoso, em outros espaços.

Para as crianças ou estrangeiros que estão aprendendo a língua, algumas expressões são difíceis de compreender: “batata da perna”, orelha do livro”, “céu da boca”.

Tudo isto deve ser levado em conta nos debates e discussões de ideias. Segundo um conhecido meu, antes de qualquer discussão deveríamos esclarecer os conceitos.  Se vamos falar sobre casamento, primeiro temos que definir o que casamento significa para cada interlocutor.   E assim para amizade, lealdade, qualquer assunto. Isto facilitaria a comunicação.

Certa vez, em um primeiro veraneio, a casa sendo inaugurada, minha filha, que estava com aproximadamente 3 anos e ouvia muitas histórias para dormir, ficou presa no lavabo, que fechava por dentro. Enquanto os adultos procuravam a chave que abriria por fora, ou outras soluções, ela sai com esta: – mãe, vou ficar aqui e ser feliz para sempre?

“Ser feliz para sempre”, que era um ótimo final de tantas fábulas e histórias infantis, na imaginação da criança significava fim. E neste dia, “final feliz” assumiu um sentido infeliz.
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Ortodontista e Doutora em gestão