O deputado estadual Pablo Roberto (PSDB) vive uma semana decisiva. Após recuar de uma candidatura própria na eleição deste ano para compor como vice-prefeito na chapa de Zé Ronaldo (União Brasil) em Feira de Santana, Pablo agora enfrenta o dilema que pode definir o rumo de sua carreira política: renunciar ao mandato de deputado estadual e assumir a vice-prefeitura ou permanecer na Assembleia Legislativa, abrindo mão do cargo no Executivo.
À primeira vista, a situação parece simples. Afinal, Pablo foi eleito com o compromisso de ser vice-prefeito, um cargo que implica responsabilidade direta na gestão da cidade. Não assumir seria uma quebra de confiança com o eleitorado feirense, que acreditou na promessa de uma parceria sólida. Porém, política raramente é simples, e os bastidores fervilham com especulações sobre os reais motivos para essa hesitação.
Se Pablo Roberto não assumir, será difícil escapar da interpretação de que ele está traindo os eleitores que o escolheram para estar ao lado de Zé Ronaldo na administração da segunda maior cidade da Bahia. Pior, o movimento poderá ser visto como uma estratégia para preservar sua força política na cidade, temendo o cenário de ser eclipsado por um líder veterano e amplamente reconhecido como Zé, cujo estilo de gestão sempre carregou uma sombra de “centralismo político”. Afinal, o que aconteceria se Zé Ronaldo decidisse sufocar as aspirações políticas de Pablo e impedir que ele cresça politicamente no futuro? Esse é o receio que parece pairar sobre o cálculo do deputado.
Caso o temor de Pablo se confirme, estaríamos diante de um comportamento que muitos já associaram ao novo prefeito: o de não permitir que figuras ao seu redor cresçam politicamente. Esse traço, interpretado por críticos como uma forma de coronelismo moderno, coloca uma pressão imensa sobre o futuro político da administração e, claro, de Feira de Santana. Se Zé Ronaldo de fato adotar uma postura de limitar o protagonismo do vice, isso comprometeria a renovação de lideranças e colocaria em xeque a narrativa de unidade e força do grupo político que ele lidera.
Por outro lado, há rumores de que Pablo Roberto poderia ser acomodado em uma secretaria estratégica, o que permitiria que ele mantivesse relevância sem ficar preso à função decorativa que muitos vice-prefeitos acabam desempenhando.
A escolha de Pablo, quase que uma escolha de Sofia, tem implicações diretas na percepção pública do governo de Zé Ronaldo. Se o deputado optar por não assumir e justificar a decisão com receios de ser engolido politicamente, o impacto será devastador, creio, para a imagem do prefeito, reforçando a ideia de que seu governo é centrado exclusivamente nele e incapaz de compartilhar espaço com novos nomes. Isso não apenas prejudica Zé Ronaldo, mas todo o grupo político.
A hesitação de Pablo atinge o PSDB e o suplente Paulo Câmara. Mexe no tabuleiro do xadrez local. Arrisca o futuro político. Apesar da tentativa da PEC para permitir deputados se licenciarem e assim assumirem secretarias no interior ficar para o ano que vem, o tucano pode também pagar para ver. O assunto rende. A conferir.