Por Roberval Santos
Há muitos anos que eu não ouvia um grito de “pega ladrão”! E muito cedo, pois tinha acabado de acordar. Cheguei na janela e vi um sujeito correndo que nem Usain Bolt, numa velocidade estonteante, descalço, segurando uma bolsa “azivis”, com alça, já no meio da rua Catharina Paraguassú, em direção ao Vale do Canela. A rua estava quase vazia, poucas pessoas. Quanto mais neste clima chuvoso e de vento frio.
Se continuou o trajeto com sucesso passou pela Escola de Direito da UFBA e desceu o viaduto 16 de maio(é o único caminho imaginado)… Uma moça correndo atrás e gritando “pega ladrão”, não reparei nos detalhes dela, pois meu olho estava na direção do que poderia vir a ser um grande atleta de 100 metros rasos num futuro próximo.
Alguns transeuntes aglomerados no início da rua, parados em pé, num tipo de apoio moral e indignação, também gritando baixinho “pega ladrão”. Na lembrança deles deveria estar presente o axioma: “curiosidade mata!”
Um motoqueiro em perseguição ao meliante fazia a vez de “super herói da Marvel”, ou da Disney, não sei dizer. Porém, pela baixa velocidade do veículo, com certeza estava em dúvida do intento. Ser um super herói urbano, atualmente, é um perigo! Todos sumiram na poeira do tempo… Cessaram-se os gritos e em poucos segundos tudo voltou ao normal. Deixei a janela solitária e retornei para colocar na xícara um café quentinho…
Há muito tempo eu não ouvia um grito de “pega ladrão”!
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Músico, instrumentista e pesquisador musical