Por Joaci Góes
Ao amigo Eduardo Meirelles Valente!
Nada há de maior interesse para o povo baiano do que os temas relativos à sua segurança física e bem estar geral, dimensões tão dependentes de educação de qualidade, universalização da oferta de saneamento básico, para assegurar a qualidade da saúde das pessoas, em geral, drástica redução da galopante criminalidade reinante e melhoria de sua infraestrutura material, indispensável para o fluxo e refluxo das pessoas e dos bens de sua produção e consumo. Em cada um desses segmentos, a Bahia vai muito mal, com crescentes perspectivas de agravamento em prazo cada vez mais curto. Isso sem falar no sucateamento de seu notável parque cultural, sujeito a iniciativas de inspiração terceiro-mundista. O desmoronamento recente da cúpula do altar da Igreja de São Francisco, com a trágica morte de uma jovem paulista, é emblemático desse desleixo.
Nesse contexto, a continuidade da discussão sobre a construção da bilionária ponte ligando Salvador a Itaparica, como prioridade, ganha relevo em face de carências primárias e gritantes que obstruem nossas possibilidades de mínimo avanço, a exemplo do processo de total interdição, em curso, da ponte sobre o rio Jequitinhonha, no Sul da Bahia. Sobre o assunto, o ex-presidente da Assembleia Legislativa da Bahia, Carlos Gaban leciona: “O processo, em curso, de total fechamento da ponte representa graves prejuízos para a economia regional, falência de empreendedores, redução da taxa de emprego e da arrecadação dos municípios afetados e das pessoas cujas atividades econômicas dependem da qualidade de sua movimentação entre municípios da Região, sem falar dos prejuízos oriundos dos desvios que as cargas transportadas são obrigadas a fazer para alcançar o seu destino. E tudo isso acontece, com pouca repercussão na mídia regional, e com o incompreensível silêncio dos políticos que representam, em suas respectivas dimensões, os interesses das populações afetadas”.
Muito mais útil ao País, inclusive para melhorar seu minguante baixo nível de aprovação popular, seria o Presidente Lula, que se elegeu, sempre, com a esmagadora maioria obtida dos baianos, em especial, em lugar de sair oferecendo ao mundo soluções para problemas internacionais a que os líderes globais não dão a menor importância, mandar cuidar da manutenção de nossa precária infraestrutura de transporte, como demonstração mínima do apreço que deveria ter pelos seus fieis eleitores. Na Bahia não faltam pessoas capazes e dispostas a oferecer ao Governo soluções adequadas para essas questões infraestruturais, a exemplo do empresário Roberto Oliva, Presidente da Intermarítima, maior empresa do Nordeste na operação de Portos, destino natural de nossa produção a ser transportada para consumo no exterior e nos mais distantes estados costeiros do nosso País. A arrogância oficial que é uma das causas do atraso baiano e brasileiro, com raras exceções, dá-se ao luxo de dispensar a ajuda de quem conhece sobre o assunto, como ninguém.
Só Deus sabe quanto a polêmica ponte vai custar de sacrifícios ao futuro dos baianos, iniciativa tanto mais discutível, quanto se sabe que a construção de infraestrutura confortável ao redor da Baía de Todos os Santos, beneficiará, diretamente, todos os municípios que atravessa, muitas vezes mais barata, e susceptível de uso parcial imediato, diferentemente da ponte que só poderá ser utilizada quando o último metro for concluído.
Joseph de Maistre (1753-1821), tem razão: “Cada povo tem o governo que merece”.