Professores da Uneb, Uefs, Uesb e Uesc paralisaram as atividades nas universidades estaduais baianas nesta terça-feira (16). De acordo com as Associações Docentes, a manifestação é para que seja aberta uma mesa de negociação com o Governo do Estado para discutir um quadro de desvalorização da categoria que está há 8 anos acumulando perdas salariais, segundo o coordenador da ADUNEB, Clóvis Piáu.
“Segundo cálculos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), a corrosão do salário dos docentes nesse período chegou a 53% do salário. Isso faz parte de uma campanha que começou no governo Rui Costa, que é a solicitação do Reajuste Já, e o mote é em função dessa defasagem”, explicou. A categoria está na Assembleia Legislativa da Bahia para uma audiência sobre o caso.
Outro motivo que se acumula para a determinação da paralisação foi o Projeto de Lei (PL) de reajuste salarial para servidores públicos enviado pelo executivo. A proposta de reajuste é de 4% para todo serviço público, e prevê para os profissionais do Magistério Superior um acréscimo de 2,53%. Os professores universitário, então, ficaram com um reajuste entre 6,53% e 9,32%, a depender do nível que ocupam.
“É o espaço para falar de financiamento, direitos, salário, a situação do Planserv, permanência estudantil e a nossa luta para que a mesa de negociação seja retomada. Temos uma infinidade de temas que dizem respeito a nossa realidade e precisam ser resolvidos, principalmente diante da relevância do nosso trabalho e dessas instituições para todo o estado da Bahia”, destaca ainda Elson Moura, coordenador do Fórum das Associações Docentes (ADs) e presidente da ADUFS.
Na avaliação das Associações Docentes, a audiência ocorrer em um dia de paralisação unificada é fundamental para que o debate público sobre o ensino superior público estadual seja “democratizado e tenha mais visibilidade”.
Procurado, o Governo do Estado informou que “garantiu o maior investimento dos últimos anos na Educação Superior” e falou sobre o reajuste complementar de 2,53% e com acréscimos de 0,73% a 2,52%, em função da recomposição dos interstícios (variações percentuais) entre as classes da carreira do Magistério Superior.”
“Os técnicos e analistas universitários também receberão, além do reajuste de 4%, o acréscimo de 2,53%. Professores do Magistério Superior serão ainda contemplados com a conversão da licença-prêmio em vantagem financeira (pecúnia)”, diz nota.
Ponderações
Um outro ponto levantado é que os docentes das universidades estaduais, em início de carreira, ganham um salário abaixo da Lei Nacional do Piso do Magistério do Ensino Básic, e, mesmo com o novo reajuste salarial apresentado pelo governo, os docentes que estão no início da carreira seguirão ganhando abaixo do piso nacional. Em abril deste ano, o governo Lula assinou uma medida provisória aumentando em 9% o salário de todo o serviço público e acréscimo de R$ 200 no auxílio alimentação.
“Como podemos ver com todos os levantamentos e análises que realizamos, é que o nosso quadro de desvalorização acumulado em 8 anos nos colocou como uma das categorias mais negligenciadas do serviço público baiano. Mesmo com o reajuste temos que ter espaço de discussão disso para que o cenário seja revertido a médio e longo prazo. Temos um governador que é professor de uma universidade estadual e sabe como funcionam as instituições e a nossa carreira. O que a gente espera é responsabilidade, diálogo e respeito pois foram 8 anos de desrespeito com as nossas instituições e a nossa categoria”, explica Moura.
Do Correio24horas