Simples exame de sangue pode revolucionar identificação de Alzheimer

  • Post category:Manchete / SAUDE
No momento você está vendo Simples exame de sangue pode revolucionar identificação de Alzheimer

Pesquisadores estão à beira de criar um exame de sangue simples que pode identificar a doença de Alzheimer e avaliar o risco de seu desenvolvimento futuro. Isso eliminaria a necessidade de procedimentos caros, como punções lombares e tomografias para o diagnóstico. No ano passado, um projeto britânico milionário foi iniciado com o objetivo de possibilitar um diagnóstico rápido ao longo de um período de cinco anos.

Atualmente, os cientistas estão explorando a possibilidade de usar um exame de sangue já disponível comercialmente para detectar o Alzheimer com a mesma precisão que uma punção lombar, ou até mesmo com maior precisão. O principal pesquisador desse novo exame é Nicholas Ashton, da Universidade de Gotemburgo, que relatou resultados com implicações significativas. Ele e sua equipe baseiam-se em estudos que indicaram uma desaceleração no declínio cognitivo com o uso dos medicamentos donanemabe e lecanemabe.

Os pesquisadores afirmam que para receber os novos medicamentos, é necessário primeiro confirmar a presença de amiloides no cérebro, um sinal da doença de Alzheimer. No entanto, realizar punções lombares e escaneamentos cerebrais em todas as pessoas com potencial para desenvolver a doença em todo o mundo é praticamente impossível.

Aqui entra o potencial do exame de sangue. Mesmo na ausência dos medicamentos, o teste rápido seria útil, pois é crucial determinar se a demência de uma pessoa é causada pelo Alzheimer ou não, oferecendo um direcionamento mais preciso para o tratamento da patologia.

Publicado no periódico científico JAMA Neurology, o estudo dos autores revelou que a proteína p-tau217, um biomarcador conhecido para verificar mudanças no cérebro associadas ao Alzheimer, pode ser medida através do sangue. Essa medida pode diferenciar a doença de outros processos neurodegenerativos e até mesmo detectá-la em casos de problemas cognitivos leves. Para simplificar o exame, os cientistas estudaram o teste sanguíneo ALZpath.

Foram analisados dados de diferentes testes clínicos nos Estados Unidos, Canadá e Espanha, envolvendo 786 pessoas, com ou sem problemas cognitivos. Todos haviam passado por punções lombares ou tomografias por emissão de pósitrons (PET) para detectar amiloides e proteínas tau no cérebro, marcadores importantes da doença.

Os resultados foram comparados com os do exame de sangue ALZpath, demonstrando uma precisão tão boa quanto a dos testes mais caros e, em alguns casos, até superior às medições de atrofia cerebral. Foi possível diagnosticar corretamente 80% dos pacientes apenas com o exame de sangue, eliminando a necessidade de outras investigações. Isso abre a possibilidade de realizar testes sanguíneos em toda a população acima dos 50 anos a cada poucos anos, da mesma forma que é feito com o colesterol elevado.
——————–
Imagem: Freepik