Por Zédejesusbarreto
A CBF anunciou a demissão da treinadora Pia Sunghage, sueca, 63 anos, um mês depois da eliminação da Seleção Brasileira Feminina ainda na primeira fase dos jogos da Copa do Mundo Feminina/FIFA na Oceania – Austrália e Nova Zelândia, competição vencida pelas espanholas, pela primeira vez. No comando da seleção brasileira, Pia fez 57 jogos, venceu 34, empatou 13 e perdeu 10.
O fiasco na Copa e a consequente demissão da competente treinadora sueca nos levam a pensar no que está acontecendo com a Seleção Masculina, que não vence uma Copa desde 2002 e acumula fiascos como aquele inesquecível 7 x 1 para a Alemanha, em pleno Morumbi, Copa de 2014. Pois bem, hoje e agora, a Seleção Canarinho, única pentacampeã mundial, está sem um treinador efetivo, desde a Copa do Catar/2022, e a saída do duas vezes derrotado (na Rússia e no Catar) Tite.
Neste setembro o escrete brasileiro volta a campo em competições oficiais, dois jogos valendo pelas eliminatórias para a Copa de 2026 na América do Norte/ EUA, Canadá e México, no calor insuportável do verão no hemisfério norte. Assume o comando, por enquanto, o treinador do Fluminense do Rio, Fernando Diniz, acumulando as duas funções/obrigações, até os meados de paroano quando, segundo desejos e ‘garantias’ dos cartolas da CBF, assumiria o técnico consagrado italiano Ancelotti, hoje treinador do Real Madrid.
Ancelotti, como a Pia, contratado (será ?) a peso de ouro (bilionários valores desconhecidos) com a missão maior de levar o Brasil de novo a um título mundial, seria o sexto. Mas quem garante que vai dar certo? Ancelotti, dizem, está até tomando aulas de português para melhor se comunicar com os atletas brasileiros. Nunca, na história vitoriosa de nossa seleção, fomos treinados por estrangeiro. Uma aposta, um risco, um salto no escuro.
Ademais, sejamos claros, treinador não joga, não defende, não faz gol… quem ganha jogos e vence é o jogador, é o craque que decide. Senão vejamos:
– Vencemos a Copa de 58, na Suécia, com o gordo e dorminhoco Feola no comando. Quem ganhou a copa foi Didi, Garrincha, Pelé, Nilton Santos, Vavá, Zagalo …
– No Bi, em 1962, no Chile, o comando era do ‘biscoito’ Aymoré Moreira, o irmão de Zezé, que entendia mais de bola que ele. Mas, mesmo com Pelé machucado a partir do segundo jogo, tínhamos Garrincha voando, e Amarildo, Didi, Nilton Santos, Djalma, Zito, Vavá… toda uma base mantida de 58 e uma boa dose de sorte a nosso lado.
– Em 70, o Tri, a equipe armada por Saldanha teve à frente um Zagallo muito esperto, que agradou o ditador Medici levando Dario (nunca jogou) e também a imprensa carioca, levando atletas do Botafogo, seu time, que mal atuaram – Roberto, Rogério, o próprio PC Caju, reserva. Quem ganhou a Copa foi Pelé, Gerson, Tostão, Rivelino, Carlos Alberto, Clodoaldo, Jairzinho… quer mais?
– O Tetra, nos EUA, com um futebol retrancado, feio e covarde de Parreira, dependemos da genialidade de Romário, Bebeto, a eficiência de Tafarel, a raça de Dunga e … muita sorte. Aquela final contra Itália foi de doer…
– E acham que foi o Felipão, o mesmo dos 7 x 1 de 74, que venceu o penta, na Ásia – Japão e Coreia, em 2002? Ah, tínhamos os três erres pra decidir: Ronaldo, Ronaldinho e Rivaldo, o craque da Copa.
É o jogador que decide, é o craque que faz a diferença. Um Beckembauer, um Cruijff, um Zidane, um Iniesta, um Mbappé, um Messi, um grande goleiro e muita vontade, determinação … não é mesmo? O que temos nas mãos de Diniz ou Ancelotti? Perguntamos. Neymar deu chabu, já era.
Esperar que Ancelotti ganhe a Copa com isso que temos hoje é brincadeira…
Daí, só de brincadeira, deixe-me dizer uma coisa: Não temos hoje, jogando aqui no Brasil e mesmo lá fora, um só craque que pudesse amarrar a chuteira de um Douglas, um Mário Araújo, um Osni, um Rebouças, um Mario Sérgio… Pra ficar só nalguns que vi jogar aqui na nossa Fonte Nova.
É o jogador que ganha as partidas, conquista os títulos, é o craque que, na hora do ‘vamo vê’, chama a bola e decide. O resto é farofa. Ancelotti que se cuide.
PS: – Sem Marta (já passada) e sem Formiga … queria que Pia piasse como?
Foto: Lesley Ribeiro/CBF