Um eterno aprendizado escrever nas páginas da Tribuna

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Por Victor Pinto
Quem me conhece sabe o carinho que carrego pela Tribuna da Bahia. Ao longo dos seus 55 anos de circulação, tive a honra de fazer parte dessa história e aprender com a escola do jornalismo baiano.

Minha relação com a TB começa em Conceição do Coité, interior da Bahia, minha cidade natal, distante 220 km de Salvador. Me lembro, ainda criança, nas primeiras séries do ensino fundamental, de precisar fazer trabalhos escolares com notícias e recortes de jornais com acontecimentos diversos, e as edições da Tribuna sempre acabavam sendo utilizadas como fonte de estudo para tais atividades.

Minha vocação para o jornalismo nasceu desde pequeno e sempre tive gosto pelo rádio, o veículo de massa mais forte do interior à época, e também pelo impresso, por ser o clássico do jornalismo.

Em outro momento, na adolescência, lembro de folhear as páginas da Tribuna já com um olhar de cidadão mais politizado, que gostava de ler política, saber o que se passava no Estado e, principalmente, na capital. Nessa época eu já possuía meu jornal em Coité, o Correio do Mês, o qual comecei a editar desde os 12 anos de idade.

Não tinha dinheiro para comprar jornal todo dia, então me valia de um primo, então vereador, Betão Gordiano, assinante das edições, e as recebia sempre na Gordiano Materiais de Construção, do meu tio de consideração André Gordiano. Lembro de sempre passar no fim do dia, caminho de casa, para recolher o jornal já lido por todos e a noite chegar a minha hora de sentir o cheiro único da página de jornal e borrar os dedos de preto, a cor das impressões.

Lia tudo atentamente. Sabia que muitos jornalistas políticos e articulistas passaram pela redação da TB e imaginava se um dia isso aconteceria comigo também.

Nas idas e vindas de visitas a Salvador, nas férias, por exemplo, o carro de linha quando chegava do interior para deixar os passageiros, passava pela Djalma Dultra e eu chegava a ver, de longe, a frente da sede do jornal. Imaginava se um dia iria ali.

Anos depois, já cursando jornalismo na Ufba, 2010 em diante, meu primeiro contato indireto com a TB em termos de produção fora o estágio com Raul Monteiro, no Política Livre, ao qual às vezes encaminhava umas sugestões de notas das minhas apurações do dia para auxiliar na coluna Raio Laser. Ele sempre aproveitava uma ou outra. Me sentia valorizado e incentivado a sempre buscar mais.

Cheguei a ser finalista de um concurso de poesia em um dos aniversários do jornal. Na ocasião fiz um texto ressaltando a TB. Não fui o escolhido, mas me recordo de ir em uma comemoração no Palácio Rio Branco.

Depois surgiram os estágios e fui para outros veículos para aprender mais. Porém, em fevereiro de 2014, ainda faltando praticamente um ano para me formar, recebi o convite do então editor de política Osvaldo Lyra para ser repórter do impresso. O convite foi feito no dia do meu aniversário. Não titubeei. Aceitei de imediato e fui me juntar àquela equipe pequena, mas ávida pela notícia: eu, Lyra, Fernanda Chagas e Lilian Machado, essas duas últimas amigas que o jornalismo me presenteou.

Fiz parte da redação da Tribuna no mesmo período que iniciei meus trabalhos na Rádio Excelsior. Começava a rotina de manhã cedo na faculdade, depois seguia para a emissora no Garcia e no meio da tarde pegava o ônibus, todo santo dia, para aquela redação na Djalma Dultra. A mesma que passava de carro e só via a sacada.

Dessa vez era diferente, dessa vez eu entrava e batia (teclava, melhor dizendo) minhas matérias de cobertura de bastidores, idas nos eventos ou de cobertura das sessões da Câmara.

Um ano e meio como repórter de muito aprendizado e em uma cobertura importante: eleições gerais para governador e presidente. A copa do mundo para o jornalismo político. Aumento de repertório, contato com as fontes e formação do estilo textual.

Deixei a Tribuna por novas oportunidades em outros veículos, mas de portas abertas como me disseram Paulo Roberto Sampaio, Marcelo Sacramento e Walter Pinheiro, gestores da TB. Para tanto, alguns poucos anos depois da saída, fui convidado a voltar a escrever nas páginas do agora cinquentenário como colunista, textos os quais escrevo com o maior prazer.

No mais, deixo meus votos de prosperidade a esse jornal, assim como outros do nosso Estado, que apesar das dificuldades, fazem o jornalismo acontecer e manter um hábito clássico de abrir as páginas do impresso para ler notícias, análises, fotos e fatos.