Por Victor Pinto
Quem mora em Salvador e não disser que está com medo, me perdoe, você vive numa bolha. Viver é uma arte, é um ofício, só que precisa cuidado, como canta Jota Quest. E coloca cuidado nisso. Não tem dia e nem hora para tiroteios e assaltos. As lives de sequestros bombam em uma sociedade do espetáculo que adora ver miséria, e o pior é acompanhar os comentários.
O meu eu do direito quer acreditar na justiça, o meu eu religioso sai de casa cantarolando segura na mão de Deus e vai, o meu eu cidadão tá cansado, tá sem fé no Estado. Estamos vendo o submundo do poder paralelo assumindo rédeas antes não disponíveis.
A polícia, braço forte do Estado, na árdua missão da proteção, se vê encurralada, muitas vezes, com bandidos armados até os dentes com armamento de grosso calibre mais pesado do que o seu.
Não adianta só criticar sem pensar em soluções. A segurança pela segurança é enxugar gelo. A educação e a assistência social são dois caminhos possíveis. Mas é difícil. Tá difícil acordar, ir trabalhar, estudar, sair para curtir o lazer sem saber se você ou os seus passarão ilesos nessa espécie de roda viva.
Tem receita de bolo? Não tem. Seja o que Deus quiser…
PREFEITOS COM A MÃO NA CABEÇA – Depois da queda, o coice. Se os municípios baianos já estavam com pires na mão, coisa é agora neste mês de setembro. Após agosto ter registrado queda de 7,95% no repasse do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), comparado com o mesmo período do ano anterior, setembro chega dando um susto nos prefeitos e prefeitas, que viram os recursos do fundo despencarem quase 30% no primeiro repasse do mês.
As entidades municipalistas defendem, de maneira justa, um Auxílio Financeiro aos Municípios (AFM) através da PEC 25/2022, que sugere um aumento de 1,5% no FPM, o PLP 94/2023, visando à recomposição de perdas do ICMS, e o projeto de Lei 334/2023, que propõe reduzir a alíquota patronal dos municípios paga ao INSS de 22,5% para 8%.
O governo Lula tem sido extremamente perverso na relação com as prefeituras. Lembremos que na eleição de 2022, os prefeitos foram decisivos no jogo do tabuleiro eleitoral e agora colhem ingratidão. A mobilização do governo federal pelo municipalismo anda muito aquém daquela esperada e quem sofre no fim das contas é a população.
ELES SÓ PENSAM EM RUI – Depois de escapar fedendo, como um bom baiano costuma dizer, da CPI do MST com uma convocação aprovada e depois cancelada, Rui Costa, ministro da Casa Civil, agora é alvo de um requerimento na CPMI dos atos antidemocráticos. O ex-governador da Bahia não tem sossego e precisa de uma reza pesada.
O senador Eduardo Girão, que gosta muito de espetáculo, quer a quebra dos sigilos telefônico e telemático do ministro. Se aprovada, uma devassa em seu celular. Na justificativa que li, Girão diz que Rui, assim como Flávio Dino, é figura central no caso do quebra-quebra de Brasília, por ter estado no Planalto logo após a confusão dos golpistas.
Girão quer alimentar uma teoria da conspiração de que o governo Lula e os ministros mais importantes sabiam o que aconteceria em janeiro e cruzaram os braços para saírem de vítimas. A CPMI está com holofote, mas o governo tem manobrado para não ter saias justas, creio que acontecerá o mesmo favorável a Rui.
Não esqueçamos que o baiano Arthur Maia (UB) é o presidente da CPMI e em solo baiano é adversário do ex-governador, mas nada que um café ministerial não resolva. Se até com Elmar Nascimento (UB) resolveu… a conferir.
UM AVISO – Aos leitores queridos dos artigos, aviso para vocês uma pausa nessa quinzena final de setembro e quinzena inicial de outubro. Tirarei uns dias para desanuviar a cabeça, pausa que não faço desde o ano passado por causa das eleições. Para meados do mês 10 estarei de volta, se Deus quiser!