UM TEMPO EM QUE A LITERATURA PEGOU FOGO

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Por Henrique Ribeiro
Em uma capital imaginária, Candid Salin de um Império Oriental, o ditador MA Cruein, baixou um decreto exigindo a queima de todos os livros daquela cidade. O decreto-lei ficou conhecido mundialmente como a “Queima d’ Arquivo Literário”
Segundo o decreto, O Corpo de Bombeiros teria o direito de entrar em qualquer residência daquela cidade e queimar todos os livros lá encontrados, se seu dono não aceitasse seria preso e se resistisse seria morto e queimado juntos com seus livros.
O Coronel Quadrin, chefe do corpo de bombeiros era o encarregado de tal proeza, tendo como auxiliar imediato o sargento-executor HR Bloch, casado com a senhora Mahtild.
Aquele decreto e sua execução começaram a incomodar ao seu executor imediato, que separava alguns livros e guardava escondido da sua esposa.
Um certo dia, o Bloch sai para passear e se encontra, por acaso, com uma jovem adolescente de 15 anos, Joelmin, que questiona de forma sorrateira e graciosa, o verdadeiro papel do corpo de Bombeiros.
A partir deste momento os mesmos passam a se encontrar de formar esporádica e cresce o interesse dele por ela e vice versa. Ela se mostra culta, o que é um perigo naquela conjuntura, tornado alvo do governo mandante. Após um longo período ela desaparece. Bloch fica encucado com seu desaparecimento, mas não tem como descobrir o paradeiro da sua encantadora conhecida.
Em uma reunião das amigas de Mathild, seu esposo resolve citar alguns trechos de livros clássicos da literatura. Sua esposa dá uma desculpa que o bombeiro antes de queimar tinha direito de ler algum trecho da obra. As amigas ficam espantadas com tamanha audácia do mesmo contra o governo, resolvem encerrar a reunião e voltarem para suas casas.
Mahtild não concorda com atitude do marido e pede ao mesmo, que solicite uma dispensa do trabalho para colocar fogo de forma discreta em todos seus livros.
Bloch anda impressionado com a última casa que botou fogo nos livros e na moradora, por que a mesma recusou a sair da sua biblioteca, denominada por ela “A Biblioteca de Alexandria dos Seus Sonhos”
Bloch recusa a queimar todos seus livros e queima apenas uma parte. A esposa briga com ele e os seus vizinhos ficam horrorizados.
Bloch desenvolve uma amizade com o JF Bic, ex-professor da universidade aposentado que tenta resistir ao regime de forma clandestina e escondida, após a queima de todos seus livros sem a sua resistência, devido o risco de morte iminente.
O assunto da briga de casal, de uma forma ou de outra cai nos ouvidos do chefe. A esposa abandona a casa e o marido com medo de ser exterminada e acaba colaborando com o chefe.
Bloch é obrigado a botar fogo nos livros e na própria casa. Ele não aceita, reage e bota fogo no chefe e no colega. Passa ser um foragido da justiça que tem um esquema de espionagem de primeira. Um robô conhecido como a Fox Fire, entra em ação na captura do foragido que conhece muito bem seu caçador.
O professor JF Bic, ajuda a seu amigo a fugir e se exila para uma cidade vizinha Quaraçun, remota e difícil acesso.
Bloch usa de todos artifícios para despistar o robô, usa roupas do professor, passa lama no corpo e foge pelo Rio Pardin que tem, nessa época, uma água escura devido a enchente.
A Fox Fire reconhece a todos pelo seu cheiro e odores.
Bloch na fuga chega ao interior e encontra um grupo de dissidente que vive a noite clandestinamente e se esconde de dia. Este grupo auto batizado com “Sociedade dos Intelectuais, Quase, Mortos” é protegido pela parte da população que não concorda com o decreto, mas não pode se rebelar.
Neste grupo, estão o Amancin, sociólogo; Rielcin, médico especialista em reprodução humana fã do mestre da arte Elsimarin Countin; Zitin Rochin, notável historiador; Brizolin, especialista em ciências políticas e seu irmão Alzin, especialista em matemática e álgebra, mas conhecido como Malba Tahan da turma e o grande físico Johin Correin. Todos memorizam suas especialidades e repete oralmente, porque os livros são sempre prova de contravenção.
Eles recebem de braço aberto o novo membro da turma, HR Bloch, um especialista em literatura e apaixonado pela bíblia, do Gênesis ao Apocalipse, passam a conviver e esperar a queda do regime que vai ruindo aos poucos devido a extinção de vida inteligente e a escassez de informação.
Muitos tempos depois, Bloch esquece sua mulher, a sua Calabar, e sonha com Joelmin que morreu com suas ideias no cárcere.
O grupo assiste a queda da ditadura e volta a ter seus direitos políticos reconhecidos e a tão sonhada Anistia com a volta dos exilados, entre eles, JF Bic que reescreve uma nova história de Candid Salin e forma uma junta que governa até as próximas eleições, onde é eleito o, Aniban Freirin, jurista, politico habilidoso e professor graduado em ciências politicas.
HR Bloch escreve em parceria com JF Bic o livro “ ALiteratura Incendiada” que se tornou um best seller no mundo, imaginário, inteiro.
Atualmente HR Bloch vive o seu ócio merecido, aposentado, continua escrevendo, discutindo literatura com o agora editor JF Bic, apreciando as pinturas do Picasso do Nordeste, o reconhecidíssimo pintor R Jond, amigo pessoal e curtindo a sua nova paixão, a primogêneta Allegra, a Yasmin das suas Mil e Uma Noites ou a Alice do seu País das Maravilhas.
Inspirado em R.B.