A movimentação política recente em Juazeiro, envolvendo o ex-prefeito Isaac Carvalho, tem como pano de fundo uma articulação não só para o futuro imediato da cidade, mas também para o PT na Bahia, importante frisar.
Isaac viu sua trajetória política ser interrompida ao ser declarado inelegível pela Justiça Eleitoral. Após tentar sem sucesso reverter essa condição, o ex-comunista buscou alternativas para manter sua influência. Em vez de apoiar a candidatura escolhida pela Federação Brasil da Esperança (PT, PCdoB e PV), que lançou Andrei Gonçalves como representante, Isaac optou por apoiar a candidatura de seu sobrinho, Celso Carvalho, pelo PSD, partido presidido na Bahia pelo senador Otto Alencar.
A escolha por Celso, que inicialmente era pré-candidato a vereador, foi viabilizada por uma intervenção do PSD nacional no diretório local. Um cenário que coloca no jogo os senadores Otto Alencar e Ângelo Coronel, diga-se de passagem, em detrimento ao senador Jaques Wagner (PT) e seu núcleo.
Além do apoio ao pessedista, Isaac foi além e dobrou a aposta: formalizou sua desfiliação do PT através de uma carta ao diretório municipal. Para amenizar, reafirmou seu compromisso com os projetos do governador Jerônimo Rodrigues e do presidente Lula. Ao se aproximar do PSD, ele busca um novo espaço político para exercer controle, mesmo indiretamente.
Agora, a disputa não é apenas entre os candidatos com uma inimiga comum, a prefeita Suzana Ramos (PSDB), mas também dentro da base que deveria estar unida. Cenário de racha que só favorece quem está no poder.
Esse cenário fragmentado cria dúvidas para o futuro político de Juazeiro e levanta questões sobre a capacidade do PT e seus aliados de manterem a coesão necessária para vencer as eleições.
Mas é importante apontar que Isaac parece estar jogando um jogo onde as regras são ditadas por ele mesmo. Ao apoiar seu sobrinho pelo PSD, ele demonstra que sua influência em Juazeiro é algo que ele não está disposto a perder.
Essa atitude de “dono da bola”, onde Isaac busca manter o controle das articulações políticas no município a qualquer custo, expõe não apenas suas próprias ambições, mas também as vulnerabilidades do PT na Bahia. O partido, que sempre contou com Isaac como uma figura importante em cenários recentes, agora se vê desafiado a lidar com uma dissidência significativa que pode ter repercussões além das eleições municipais.
Se figuras influentes dentro do partido estão dispostas a romper com a legenda para perseguir interesses próprios, isso pode ser um indicativo de problemas maiores dentro da estrutura petista.
Em resumo, a situação em Juazeiro não é apenas uma disputa local, mas um reflexo dos desafios que o PT pode enfrentar nos próximos anos. Isaac, volto a apontar, ao agir como “dono da bola”, altera o cenário político de Juazeiro e envia um sinal de alerta para o PT, que terá de lidar com as consequências dessa fragmentação em suas fileiras na preparação para 2026 na região norte baiana.