Dr. Kabenguele Munanga Um Símbolo, de Resistência no Fórum Brasil Diverso

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Por Zulu Araúlo

No último dia 1ºde novembro, participei de um dos momentos mais emocionantes da minha vida: a homenagem que o Fórum Brasil Diverso, em sua décima edição, prestou ao antropólogo e Professor Doutor, pela USP, Kabenguele Munanga.

Muito mais que uma homenagem, foi o reconhecimento do trabalho incansável que o Professor Munanga, congolês de nascimento (nascido em Bakwa Kalonji, no Congo) e brasileiro por adoção, vem realizando no Brasil nos últimos 40 anos, em defesa da igualdade racial, econômica e da diversidade cultural.

Generosidade seria a única palavra que sintetizaria a grandeza da presença do Professor Kabengule Munanga em nossas terras. 

Por isso mesmo, é importante parabenizar a Revista Raça, na pessoa do CEO, o jornalista Maurício Pestana, bem como todos os organizadores do evento, por esse gesto. Até porque essa homenagem é mais do que merecida. Importante reconhecer que excelência do evento merecia um gran finale do tamanho e da importância de um Kabenguele Munanga.

Foram dois dias de excelente reflexões sobre a diversidade e a inclusão racial, de gênero, etária e cultural, no mercado de trabalho, ou melhor dizendo, no mundo corporativo.

Logo na abertura tivemos a presença da Ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, que numa fala direta e objetiva apontou a importância dos temas que seriam discutidos no Fórum, ressaltando o momento delicado que o país e o mundo está vivendo, onde as teses e práticas fascistas tem tido um grande protagonismo mundo afora. Ressaltando ainda, a diversidade e a inclusão, como mecanismos fundamentais para a consolidação da democracia em nosso país.

O Fórum, refletiu e debateu o que existe de melhor no mundo corporativo brasileiro, tanto do ponto de vista das iniciativas quanto das suas lideranças. Foram depoimentos marcantes e carregados de esperanças.  Lideranças como Judith Morrison, assessora sênior de desenvolvimento social na divisão de gênero e diversidade do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), que acompanha a luta do movimento negro no Brasil, há anos e é responsável pela integração, nas estratégias operacionais do BID, das populações marginalizadas, teve uma das falas mais inspiradoras do evento.

Do mesmo modo, que Mauricio Rodrigues, ((o maior executivo negro do Brasil), ele é CEO DA Bayer para a América Latina falou sobre a diversidade e inclusão no agronegócio, que queiramos ou não é uma das grandes locomotivas da econômica brasileira. Além disso, tivemos a jovem Luana Ozemela, (vice presidente de Impacto e Sustentabilidade do iFood), mostrando o quão tem sido importante para comunidade negra brasileira a adoção da diversidade racial e de gênero no mundo corporativo, em particular na sua empresa.

Ou seja, o horizonte próximo, é desafiador.

Ficou evidente nas reflexões e debates sobre as experiências exitosas, a importância e a emergência da implementação das ações afirmativas no mercado de trabalho brasileiro. Os relatos e indicativos são todos positivos, tanto para as empresas como para a comunidade negra. Portanto, diversidade, inclusão e políticas de ações afirmativas, são muito mais do que benesses do capitalismo para amenizar a crise pela qual estamos passando. São mecanismos importantes para a organização, mobilização e inclusão no mercado de trabalho de milhões de trabalhadores/as de forma digna e respeitosa.

Parabéns a Revista Raça, bem como aos organizadores e participantes do Fórum Brasil Diverso, pela coragem e ousadia em compartilhar essas discussões. E, parabéns e meu muito obrigado a Kabengule Munanga por compartilhar sua sabedoria e generosidade com o povo brasileiro.

Toca a zabumba que a terra é nossa!
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Mestre em Cultura e Sociedade pela Ufba. Ex-presidente da Fundação Palmares e ex-presidente da Fundação Pedro Calmon – Secretaria de Cultura do Estado da Bahia.