Busca-se uma identidade do governo Jerônimo

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Por Victor Pinto

O governo de Jerônimo Rodrigues parece estar se afogando no conforto da herança deixada por Rui Costa, sem conseguir emergir com uma marca própria, até então. A gestão segue como um administrador do que já estava pronto ou encaminhado, inaugurando hospitais, escolas e obras de infraestrutura que foram planejadas e executadas na gestão anterior. O problema é que esse estoque está acabando, e o horizonte aponta para um possível vazio.

Jerônimo prometeu ser o “governador da educação e da inclusão”, mas, até agora, pouco se viu além de discursos repetidos e ações que apenas dão continuidade ao que já vinha sendo feito. Não há ousadia, não há inovação, não há projetos próprios capazes de dar identidade à sua gestão.

O cenário começa a gerar desgaste. É como se Jerônimo tivesse escolhido ser um coadjuvante de luxo no teatro político baiano, enquanto o protagonismo ainda pertence a Jaques Wagner ou, por causa do tempo mais recente, a Rui Costa. O problema é que, ao contrário de Rui, que tinha um plano claro e estruturado para avançar, muito deixado também pelo seu antecessor, Jerônimo parece preso a uma gestão de manutenção.

Dentro do próprio governo, já se admite que não há obras novas em estágio avançado de execução. A lentidão nos processos licitatórios e a ausência de um planejamento estratégico comprometem não só o presente, mas também o futuro. Isso significa que, em 2025 e 2026, o governo deve enfrentar um vácuo de entregas que pode ser devastador para sua imagem.

Esse vazio de realizações não é apenas um problema administrativo. É um desastre político anunciado. Adversários da oposição já esfregam as mãos diante da possibilidade de explorar essa inércia, apresentando-se como alternativas viáveis para liderar o estado.

A Bahia, sob as gestões petistas, construiu uma trajetória de referência em políticas públicas de saúde, educação e infraestrutura. Isso criou uma expectativa alta, e a população espera que o governo continue entregando resultados. Mas Jerônimo parece ter se acomodado.

Se nada mudar, o governo corre o risco de ser lembrado como uma passagem da história recente da política da Bahia. Ainda há tempo para reverter esse quadro, mas será preciso coragem, criatividade e ação. Afinal, a Bahia não pode esperar…