Por Joselito Conceição
O Bairro da Boa Viagem tem origem com a construção da Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem, a pedra fundamental foi lançada em 19 de novembro de 1712, uma capelinha à beira mar num lugarejo de simples pescadores nas terras de Itapagipe de Baixo. D. Lourença Maria, a Senhora das terras de Itapagipe, mandou construir a igreja pedindo que fosse rezada missa pelos seus entes queridos, os primeiros que assumiram essa tarefa foram os Franciscanos.
Não havia moradia naquele lugar, mas aos poucos, com as obras de construção da igreja, além dos pescadores outras pessoas foram surgindo, no final do século XIX, o ilustre Luiz Tarquínio, tendo criado a Fábrica de Tecidos da Boa Viagem, Cia. Empório Industrial do Norte, com sua inteligência à frente dos empreendedores da época, fundou a Vila Operária para moradia dos empregados da fábrica, uma ação de responsabilidade social inédita para a época, dentro da vila de moradores, a Escola Rui Barbosa para os filhos dos empregados, conta-se que até os filhos do empresário passaram por essa Escola, que depois recebeu como justa homenagem o seu nome, Escola Luiz Tarquínio. A história da Boa Viagem é longa, bela e pouco conhecida, o que deveria ser objeto de estudos.
A Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem, muito conhecida pela procissão marítima no último dia do ano, da Boa Viagem para o cais do porto e dali para a Igreja da Conceição da Praia, retornando sob pompas na manhã do primeiro dia do ano, com a imagem de Bom Jesus dos Navegantes abençoando a Baia de Todos os Santos, coisas que acontecem desde os tempos do Império, perdurando até hoje.
No largo da Boa Viagem é comum principalmente nos finais de semana um verdadeiro “fuzuê” em total afronta as atividades religiosas daquela igreja que é o marco zero do bairro, não são poucas as vezes que celebrações são suspensas, nas paredes e nas portas da igreja, muito pior ainda, poças de urina, de forma que para a missa dominical da noite, os fiéis têm além da zoada, as poças e o odor desagradável. Existe uma lei que proíbe urinar em vias públicas, a Lei Municipal 8512/2013, artigo 7, inciso XVII, amparada pelo Decreto Municipal 25595/2014. Será que é a igreja tricentenária que deve deixar de cumprir o seu papel dominical, inibida por essas agressividades? Não é isso um grande desrespeito? Existem tantas reações contra desrespeitos, aqui está mais uma, esperamos que essa surta efeito, do contrário, vamos insistir tantas vezes quantas forem necessárias até ver a situação resolvida.
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Diácono Permanente da Igreja Católica, Radialista, Articulista, Poeta, Membro da Academia de Letras e Artes Mater Salvatoris