Por Victor Pinto
Fim de ano é tempo de reflexões, e aqui estou novamente para compartilhar os livros que marcaram meu 2024. Todo ano faço esse balanço. Em um país onde a leitura enfrenta desafios cada vez maiores, como mostra a 6ª edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, manter o hábito de ler é mais do que uma escolha pessoal: é um ato de resistência. Os números são alarmantes: 53% dos brasileiros não leram nem parte de um livro nos últimos três meses. Uma estatística que deveria nos inquietar.
A leitura é um portal para o conhecimento, mas também um refúgio. Em tempos de crise, livros nos ajudam a compreender o mundo, a nós mesmos e, por vezes, até a escapar da dureza da realidade. Abaixo, compartilho três títulos que me marcaram este ano, com a esperança de inspirar mais pessoas a abrir uma página e mergulhar nesse universo.
Vou te Receitar um Gato, de Syou Ishida, da editora Intrínseca: este best-seller japonês combina realismo mágico e reflexões emocionais. A história se passa em uma clínica onde gatos são “prescritos” para ajudar pessoas em crise. Mais do que um enredo peculiar, o livro explora a conexão humana com os animais e como ela pode curar feridas emocionais. Uma leitura leve, mas cheia de significado, ideal para quem precisa de um abraço literário.
Outono de Carne Estranha. Editora Record. Do escritor paraense Airton Souza, vencedor do Prêmio Sesc de Literatura 2023. A obra nos transporta para a década de 1980, no emblemático garimpo de Serra Pelada, no Pará, cenário de ambição e adversidades.
A narrativa centra-se na relação entre os garimpeiros que desenvolvem um vínculo afetivo em um ambiente dominado pela brutalidade e pela busca incessante por ouro. Souza mescla fatos históricos com ficção, explorando temas na linha tênue entre o sagrado e o profano. A obra tem recebido elogios por sua abordagem única e pela capacidade de iluminar aspectos pouco explorados da história brasileira.
Como as Democracias Morrem, de Steven Levitsky e Daniel Ziblatt. Este é um alerta e uma lição ao mesmo tempo. Demorou um tempo para fazer a leitura, mas saiu da minha lista, principalmente nos debates do grupo de pesquisa de Direito Eleitoral do TRE-BA o qual faço parte. Está na minha fila agora a continuação: Como Salvar a democracia. Os autores explicam como democracias ao redor do mundo têm sido corroídas não por golpes militares, mas por líderes eleitos que subvertem as instituições. Em um ano em que a política brasileira enfrentou novos desafios, a leitura desse livro foi indispensável para entender os perigos que rondam as democracias modernas.
A pesquisa Retratos da Leitura no Brasil nos lembra que a leitura precisa de incentivo e acessibilidade. Políticas públicas que democratizem o acesso aos livros são fundamentais. A leitura não é um luxo, é uma necessidade. Ao compartilhar esses títulos, faço um convite para que, em 2025, mais pessoas redescubram o prazer de ler. Se metade do Brasil não lê, ainda há outra metade que pode fazer a diferença. Que tal começar com um livro já na primeira semana de janeiro? Feliz ano novo!