Por Clara Iana Rezende Ferreira
Esses dias estive refletindo sobre aquela expressão “oito ou oitenta”. Onde o 8 representa algo baixo, considerado o mínimo, e o 80 algo alto, o máximo — onde você é muito ou é pouco, sem espaço para o meio-termo.
Essa expressão descreve as pessoas de uma forma radical e extrema, sem equilíbrio, como se elas fossem apenas uma coisa ou outra. Mas eu não acredito que alguém possa ser definido assim. Afinal, o número que está exatamente no meio entre oito e oitenta é quarenta e quatro.
Talvez possamos nos considerar esse meio-termo. Porque, mesmo quando buscamos ser “inteiros”, não somos uma coisa só. Não somos nem muito, nem pouco. Nem o mínimo, nem o máximo. Somos pedaços de um, pedaços de outro.
As pessoas não são uma coisa só — elas têm suas facetas. E rotulá-las apenas como “8” ou “80” é pouco diante da complexidade que é ser humano.
Então, talvez nunca sejamos inteiros… Mas sim, sempre a metade de muitas coisas.
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Articulista e formanda em psicologia