Uma reunião histórica

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Por Joaci Góes

            Ao amigo Múcio Bittencourt Landim!

Teve conteúdo considerado histórico, pela totalidade dos presentes, a reunião do Conselho Diretor da Associação Comercial da Bahia, na última terça-feira, a primeira da gestão da atual presidente, a empresária Isabela Suarez, a segunda mulher eleita para presidir uma instituição que já completou 214 anos de fundada, figurando como a mais antiga do gênero em todo o Continente Americano. A essa conclusão chegaram os que dela participaram, em número recorde, entre os quais a quase totalidade dos seus ex-presidentes, inclusive o último, o empresário Paulo Cavalcanti que preside o Conselho, e muitas outras personalidades de grande relevo na vida econômica e política da Bahia, com projeção nacional.

            A conclusão geral foi que a ACB necessita, como clamor da crise que vivemos no Brasil, com intensidade agravada na Bahia, retomar o seu papel histórico de grande protagonismo no encaminhamento da solução de problemas de vital interesse para a vida da sociedade brasileira, em geral. Na atualidade, foi destacado, como um dos maiores problemas, o ambiente de exacerbado antagonismo que divide a família brasileira, de um modo que compromete o nosso avanço, de seu já excessivamente prolongado estágio de País do Futuro, para passar a figurar à altura de suas enormes possibilidades.

            Como se o colegiado tivesse realizado um ensaio prévio, cada um dos conselheiros que fez uso da palavra abordou questões do maior interesse para a vida nacional, oferendo sugestões adequadas para a superação dos entraves que estiolam nosso avanço, como nação, ao patamar das mais prósperas e felizes na sociedade do conhecimento em que nos encontramos inapelavelmente imersos, em escala planetária.

            A elevação do padrão de nossa infraestrutura física, intelectual e moral define, de modo sintético o conjunto dos temas abordados, com ênfase especial em sua aplicação no Estado da Bahia, respeitadas as indispensáveis conexões com a Região Nordeste, em particular, e com os interesses nacionais, em geral.

            Dentro dessa perspectiva, a condenação da construção da ponte ligando Salvador a Itaparica recebeu o apoio da unanimidade total, como diria, pleonasticamente, nosso imortal Rui Barbosa, por considerá-la uma prioridade que viola os mais elementares princípios do que seja prioritário, à luz da mais elementar noção do que recomenda o bom senso. A regra dominante do poder público federal, estadual e municipal, transitório por sua própria natureza, atuando sem levar em consideração o quanto pode contribuir o setor privado para elevar a qualidade de sua ação, mereceu reparos unânimes.

            O resultado tem sido o que aí está: metade da população brasileira vivendo uma longevidade reduzida e doente em razão da ausência de saneamento básico e péssima educação, fatores principais das desigualdades econômico-sociais existentes e intensa criminalidade. Essas nefastas consequências são ainda mais gritantes na Bahia, onde o percentual de carência do saneamento básico é o maior do País, fato que nos leva ao recorde de tuberculosos, morféticos e chagásicos, a par de outros índices que nos remetem a um dos menores IDH de todo o Continente.

            O problema reside na predominância de políticos, com p minúsculo, nos domínios de nossa prática político-partidária, conforme a lapidar distinção de Winston Churchill: Enquanto o político atua de olho nas próximas eleições, o estadista decide com o pensamento voltado para os interesses das próximas gerações.

            Em outras palavras: continuaremos na mesma, enquanto nossa população, majoritariamente deseducada, não for capaz de preferir os estadistas que asseguram a construção de uma sociedade cada vez melhor e os políticos malandros que se dedicam a alcançar o poder para satisfação dos seus interesses, não raro, inconfessáveis.