Por Joaci Góes
Ao querido amigo, jornalista Sérgio Mattos!
Segundo dados oficiais, 26% da população brasileira, ou seja: 55 milhões da população do País se encontram sob a influência do crime organizado que avança com uma celeridade ainda maior do que a que submeteu a Colômbia ao guante de Pablo Escobar. Observadores da cena política concluem que, consciente do papel decisivo que a população carcerária desempenhou em sua vitória nas últimas eleições, o Presidente Lula cuidou de registrar, em seu discurso na ONU, uma nota de proteção ao crime organizado, ao protestar contra a tendência em curso evolutivo de equipará-lo ao de terrorismo, sujeito a um tratamento legal muito mais restritivo do que o dispensado ao chamado crime comum. Quem tem capacidade de compreender a linguagem dos números sabe que nas eleições do próximo ano a influência do crime organizado será de maior intensidade do que em outra fase qualquer da história do Brasil, incluindo as últimas eleições nacionais e municipais. Por pouco, não cometemos o erro fatal de aprovar a PEC da Blindagem que asseguraria, predominantemente, a eleição majoritária dos representantes do crime.
Além de uma postura ostensiva e majoritariamente dominante com que o PT vem adotando, em seus governos, uma atitude leniente com os crimes do colarinho branco e com o crime organizado, a legislação penal brasileira vem sendo de condenável leniência com os marginais e a marginalidade, a ponto de vê-los, como ocorreu nas últimas eleições nacionais, como o fator decisivo para a continuidade de sua presença no poder, como vem ocorrendo nas regiões mais atrasadas do Planeta, dominadas por uma delinquente visão terceiro-mundista a quem nada mais importa além da manutenção do poder, seja a que título for. Registre-se que esse patológico estado de coisas tem contado, nos últimos anos, com a ação e inação coniventes de nossa Suprema Corte em sua presença militante, em favor de grupos circunstanciais, com o propósito declarado de acelerar a caminhada histórica do País, na contramão do sagrado princípio constitucional que recomenda sua inação de preceito, conditio sine qua non para assegurar sua sagrada postura equidistante das paixões e dos interesses em conflito, por mais legítimos que sejam, nas visões dos interessados.
A partir do crescendo das violências e da impunidade dos atores do crime organizado, ameaçando, agredindo e matando autoridades civis e militares (incluindo policiais, membros do Ministério Público e do Judiciário), como mecanismo para neutralizar a resistência institucional da sociedade brasileira, cresce, perigosamente, a percepção de setores da população de que no Brasil o crime compensa, como é prova o cancelamento de mais de dois mil anos de penas aplicadas a marginais do colarinho branco, apanhados no Mensalão e na Operação Lava-jato, na contramão da severidade das penas contra, precisamente, gente decente sem o menor passado delituoso, como os que reagiram a esse ambiente moralmente pantanoso, ora objeto, até, de reação internacional. A mais disso, cresce a percepção de que há movimentos em marcha vitoriosa para garantir direitos e prerrogativas da marginalidade, sem que se veja qualquer movimento, por mínimo que seja, em favor das vítimas.
Numa palavra: já somos uma das nações mais violentas e operadas marginalmente do Planeta. Pode ser que ainda haja tempo, não muito, é verdade, para abortarmos o avanço da dominação dos Pablos Escobares que infestam o País.