A PRIMEIRA NOITE DE UM HOMEM

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Por Henrique Ribeiro
A primeira noite  de um homem é sempre  cheia de  história  e estória que ocorrem ou não e as vezes depende  da imaginação de quem  conta. A simples pergunta: 

-Como foi a sua primeira  noite ?

Vem sempre  acompanhada de respostas cheias   de  fantasias:

– Eu fiz isso…Eu fiz aquilo ou Não fiz  nada…”Broxei”??!!

É muito raro os homens confessarem ou não…como diria Caetano!!

*No filme a “A primeira  noite de um homem”, Dustin Hoffman  foi  perseguido por  sua  sogra Mrs Robinson, que  se impôs  com parceira que quase lhe levou  ao Oscar de melhor  ator e gerou um tema musical de primeira: Mrs Robinson de Simom & Garfunkel.

*A  minha Primeira  noite foi a 65 anos atrás, foi marcante e  inesquecível.

A  minha parceira,  minha mãe, cansou de dá  me mamar. No dia seguinte, ela tomou a seguinte  decisão e disse:

– Eu preciso arrumar uma mãe de leite para este menino…

Oh “caboclo mamador”…Quem aguenta? É só tirar do peito  que chora.

Acabaram   encontrando uma  vizinha, chamada de D.Deija que tinha leite de sobra , mas não o suficiente  para me deixar satisfeito. Obrigado Mãe Deija, você foi muito  importante para que eu sobrevivesse.

Eu tive gastroenterite  e aí  foi, que passei a recusar a mama. Como morava no interior e o médico mais  próximo fica(va) a 86 km, diga se de passagem, estrada de terra. Esta é distância  entre Cândido Sales, distrito na época, e a cidade  Vitória da Conquista.

 Após muitos questionamentos  apareceu uma preta velha, Alexandrinha,  abençoada e  acostumada a tomar   contar  de meninos doentes na região, que me salvou  com a seguinte sugestão:

– Dê leite de “jega”(jumenta) preta a esse menino que ele  melhora.

É claro que a sugestão , foi exótica  e não convencional ,não foi aceita imediatamente, mas salvadora para quem estava  entre a vida e a morte. Chegaram a preparar meu  velório de anjo, mas minha madrinha apostou a última ficha e  me deu, a última chance, a primeira mamadeira de leite  de “Jega” Preta. Mas foi  a atitude decisiva de minha mãe, Alice, que não perdeu tempo, procurou na região, a nova mãe de leite, tão irracional quanto generosa que conseguiu o bendito leite que me salvou.

Dentro uma semana, estava, eu bem melhor, como minha madrinha Juíta falava, com a maior graça, ao contar este episódio, resumindo  na seguinte frase:

– Eta, que menino “luzido” parece filho  de “Jega” preta.

Este fato foi  tão importante em minha vida que originou várias estórias, sendo uma delas, que eu, maiorzinho, chorava quando o rapaz que tomava  conta da “Jega”, batia nela, por que ela era  muito teimosa, e eu pedia para não bater na minha “mãe preta”.

*Na sexta feira passada recebi a  minha primogênita neta com apenas 58 dias de idade. Passei a “Primeira  noite  mais linda do  mundo’, ajudando a vovó Anete a cuidar  daquele anjinho lindo de apenas 4 kg de “fofura”  que o divino  nos presentou através do meu filho, primogênito Igor e a minha primogênita nora Inah.

Como  diz lá no Ceará:

– Pense… numa aventura linda e enriquecedora. A noite   foi dividida em 03 pits stop:

#O primeiro Pit Stop, a meia  noite, para tomar mamadeira de leite que a mãe Inah forneceu e foi dormir  de tão exausta que estava  com este pequeno e precioso reloginho humano que de 2/2 h, acorda impondo a sua vontade soberana de princesa nos nossos corações e nas nossas vidas.

#O  segundo Pit Stop, as 2h  da manhã, para trocar a fralda cheia de xixi, esta danada sumiu, num quarto em penumbra, que  deu trabalho para encontrá-la.

#O terceiro Pit Stop, as 4h para tomar a segunda mamadeira;

Em cada Pit Stop aproveitei para recolocar as meias, em pés tão pequenos e lindos. Não tive  dúvidas,  cobrei com um “pé-dágio”  de uma sessão de beijos na cabeça, braços, rosto onde fosse possível, por que paixão  é assim…Não perdi a oportunidade de fazer um diálogo ou monólogo em que, eu falava e ela me olhava com olhar de quem fazia a  leitura labial do vovô, apaixonado.

No intervalo dos Pits Stop fui acordado pela vovó que   me convidava a mudar de lado com meus inocentes  roncos, para não incomodar a netinha.

Na manhã seguinte, não acordei, me acordaram, sonolento porém sorrindo e morrendo  de felicidade. A vovó, não acreditou, por que ela sabe o quanto sou “bom de cama”, deito, durmo e  dizem, que ronco que é uma  beleza…Eu não acredito que  ronco…porque  um príncipe não ronca, isso é  intriga da oposição ou coisa da “Imprensa Marron” como diz  meu amigo John, o avô materno da primogênita Allegra, (nome que significa alegria em italiano). Eu sempre acordo de mau humor quando meu sono é interrompido, mas neste lindo dia, Não!!!!

*Na segunda  noite , a aventura  não foi menor por que a mesma estava  com a suspeita  de uma  virose e uma leve “febrizinha”, mas isso não quebrou o encanto que produziu na primeira noite de um homem idoso, apaixonado pela primogênita.

Aguardamos   com ansiedade, a próxima visita o mais rápido possível, para não morrer de saudade. Portanto jamais digo adeus, apenas um pequeno até breve, cheio de novas emoções.

Ah! Descobrir que o Roberto Carlos  tem razão quando fala dos  momentos lindos que são sempre cheios de emoções. Independente da idade da minha nobre, micro e pequeníssima neta, ela foi capaz de gerar tantas emoções, no coração deste jovem  homem “sexo-sagenário”, que jamais esquecerei este momento super lindo.

Quanto a primeira noite  do adolescente cardio-poeta…Será motivo para uma outra  crônica com o título preferido por Nelson Rodrigues: “Atira a primeira pedra” recusado pelo editor ou “A vida  como ela é…”que o consagrou mundialmente.