Aumento da população idosa requer atenção especial

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Lívia Medrado, Adelita Mesquita e Cléo Santana

O Brasil já é um país com uma sociedade de idosos. Pelo menos é o que indica a Organização Mundial da Saúde (OMS) ao apontar que todo país com 7% da população de pessoas acima de 60 anos já pode ser considerado como tal.

E esse índice deve crescer cada vez mais: até 2050, a expectativa do IBGE é que a maior parte da população brasileira esteja acima dos 60 anos. Esta realidade é uma das tantas que devem ser tratadas e visibilizadas no Dia Internacional da Pessoa Idosa, a ser lembrado no dia 1 de Outubro conforme determinado pela Organização das Nações Unidas (ONU).

No Brasil, a data é um instrumento para lembrar, também, a urgente necessidade de executar com veemência o que demanda o Estatuto da Pessoa Idosa, de 2003,  e a Política Nacional do Idoso (PNI) de 1994

A assistente social e gerontóloga Marta Lopes Pontes, membro da diretoria das Obras Sociais Irmã Dulce (OSID), afirma que o fenômeno do envelhecimento precisa ser tratado com dedicação. Segundo ela, o número de pessoas idosas está prestes a super o de pessoas jovens no Brasil com mais velocidade do que vem ocorrendo na Europa e nos Estados Unidos, por exemplo.

“Houve essa mudança drástica nas últimas décadas. A expectativa de vida cresceu muito no Brasil e agora precisamos lidar com isso” explica Conforme Marta Lopes Pontes, o poder público é a quem cabe a maior responsabilidade, e dentre tantas funções, a de prover os municípios com Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs) que sejam públicas e de qualidade.

Mesmo com todas as mazelas, a nossa população está conseguindo viver mais, embora existam bolsões de pobreza. Mesmo em estados e em bairros pobres se vê a diferença  e o aumento da longevidade.  “O poder público tem que olhar para a pessoa idosa desde o ventre materno, ou seja, a população precisa ter amparo social para alcançar um envelhecimento bem sucedido, autônomo, funcional e robusto, mas, infelizmente, nós não temos políticas públicas que protejam o cidadão e a cidadã em toda sua plenitude. Isso faz com que muitas pessoas alcancem a longevidade com comprometimentos diversos que poderiam ser evitados se na sua juventude houvesse amparo social”, acrescenta.

Sobre as ILPIs, a gerontóloga e assistente social destaca que são alternativas necessárias para o cuidado com a pessoa idosa, em casos em que as famílias não tem condições, e precisam ser urgentemente melhoradas.

Em Salvador, existe apenas uma instituição pública desse tipo, que é administrada pela prefeitura, o abrigo Dom Pedro II. “São instituições importantes. Aqui em Salvador só remos uma pública que é Dom Pedro II. São os antigos abrigos que não chamamos mais dessa forma para não dar vazão ao preconceito com os idosos, pois havia um olhar da sociedade de que eles eram ‘depósitos’ de pessoas idosas. Então o termo correto é ILPI. Só temos uma pública e as outras que existem são filantrópicas. Todas supervisionadas pelo Ministério da Saúde”, recorda.

Dona da empresa Pronto Afeto, que disponibiliza cuidadores de idosos, localizada no Parque Tecnológico da Bahia, Cleo Santana, reforça a importância de capacitar ainda mais esses profissionais que se tornarão, a cada ano, mais fundamentais na sociedade.

“Nós já atendemos mais de mil famílias e hoje eu diria que nossa empresa é de referência por que nós trabalhamos e damos maior segurança possíveis a nossos clientes. Juntamente com nossa proposta encaminhamos atividades, ficha de anamnese para conhecer a patologia do idoso, quem são os familiares, os médicos, os remédios. Buscamos o profissional que tenha a expertise para cada paciente. Trabalhamos muito com pacientes de Alzheimer”, conta.

 A empresária afirma que hoje 80% dos profissionais cuidadores têm nível técnico. “É uma ocupação que vem crescendo paulatinamente”, diz ela.

E, de fato, com o envelhecimento da população brasileira em ritmo acelerado, a ocupação de cuidador de idoso cresce aceleradamente no Brasil, estando no topo da lista.

Uma pesquisa feita pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviço e Turismo (CNC), utilizando dados do Ministério do Trabalho e Emprego, apontou que a ocupação de cuidador de idoso  foi a que mais cresceu no País entre 2007 e 2017.

O balanço mostra que o número de profissionais do tipo passou de 5.263 em 2007 para 34.051 em 2017, alta de 547%. “Hoje a expectativa de vida é maior, vem crescendo a cada dia com o avanço da medicina e da tecnologia e nossos jovens estão morrendo cedo e a população envelhecendo. Em 2050 teremos mais idosos do que jovens e as famílias hoje não tem condição de cuidar do idoso, porque tem trabalhando e tem afazeres. O idoso em determinada idade se torna um bebê e precisa de cuidados”, afirma.

 A empresária informa, ainda, que está, juntamente com o IFBA e com o Sebrae desenvolvendo um aplicativo para aproximar os cuidadores dos pacientes. “Estamos no parque tecnológico por que desenvolvemos um aplicativo para conectar o cuidador ao paciente. Estamos com apoio do IFBA com SEBRAE desenvolvendo esse aplicativo para fornecer serviço com mais rapidez aos clientes e cuidadores facilitando conexão”, diz. 
Da Tribuna