Por Roberval Santos

Há algum tempo venho escrevendo em minhas listas de transmissão, num aplicativo de mensagens instantâneas, sobre compositores invisíveis para maioria da população, que pretendo publicar em breve. Eis que, o querido Helder Barbosa enviou-me no fim de 2024 uma playlist com canções de Cacaso, meio que sugerindo um assunto. Ótimo! Gosto, e agradeço, aos queridos amigos e amigas que me enviam novas canções, histórias e curiosidades sobre música, mesmo que já tenha algum conhecimento sobre o assunto. Porém, a quantidade de falsos especialistas, “não peritos”, no mundo virtual, é absurda! Ainda tem os “influencers do nada”: aqueles que não têm nenhum conteúdo e milhões de seguidores. Essa é pra outro dia.

Decidi escrever sobre este grande compositor, de várias parcerias e alguns sucessos na voz de outras pessoas, artistas consagrados, e botei para rodar a playlist, ao mesmo tempo que adiantava outros afazeres, quando começou a tocar uma canção que eu tinha quase certeza de que não era dele. Parei, fui nos créditos e tinha lá: Capinam e Edu Lobo. E agora? O universo quando conspira, sempre dá oportunidades para nossas dúvidas e certezas.  Se aproximava o aniversário de um querido amigo no mesmo período, dia 23.12.2024. Ali estava a oportunidade pretendida. Capinam estaria presente e eu tinha que aproveitar pra ratificar minha “quase certeza”.

Na chegada, sentados na mesma mesa que Capinam, amigos em comum convidaram-me para sentar, ao som “ao vivo” de Duarte e Ângela Velloso. Maravilhosos! A nata do repertório da canção brasileira. Outra agradável surpresa. Aí, era só esperar o momento certo para minha abordagem. Papo bom, cerveja gelada, boas e leves companhias… A dupla “Velloso” tocou uma música do mestre! “Essa é sua, não é?”, me dirigi ao compositor nascido em Esplanada, interior da Bahia, onde passei parte das minhas férias na infância, na casa da avó paterna, D. Alzira. Ele respondeu que sim e eu aproveitei para falar da tal playlist. Ele pediu para ver e confirmou o que eu já imaginava, a canção não era, também, do Cacaso, somente dele e do Edu. Continuei a investida e mostrei mais outra playlist só com canções dele, Capinam, para que confirmasse que todas eram suas. Ele parou em certo momento, com um semblante de dúvida e falou: “Esta aqui, eu não lembro!” E colocou para tocar ao pé do ouvido. Logo após a introdução, com sorriso de satisfação, afirmou: “É minha também!” E a mesa riu junto com o grande compositor brasileiro, de tantas canções emblemáticas e históricas: Moça Bonita, Papel Machê, Soy Loco Por Ti, América, Viramundo e etc…

Mostrei mais duas listas só com suas canções e ele ficou surpreso, não sabia da existência destas listas num streaming de música, pago, que é o mais acessado no planeta. Comentou e mostrou uma lista num streaming de vídeos, gratuitos, feito por uma amiga, e me pediu para enviar aquelas outras listas, para ouvir depois com mais calma. A tarde seguiu mais que agradável, com a música predominando no som e nas conversas.

Deixarei para outro momento o texto sobre o saudoso Cacaso… tinha que relatar este encontro com uma referência da nossa música!

Viva Capinam!
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Músico, instrumentista e pesquisador