O XIX Panorama Internacional de Cinema, mais antigo festival de cinema em atividade na Bahia, traz em sua programação dois filmes do novíssimo cinema produzido entre o Brasil e a França: Elle, Marielle Franco, curta que aborda a ida à Paris, dos pais da vereadora brutalmente assassinada, em busca de justiça para a filha. Em seguida, na mesma sessão, será exibido “Salut, mes ami.e.s !”, que traz para a telona, a história de um grupo de adolescentes na única escola franco-brasileira pública e integral da América Latina, o CIEP 449 Governador Leonel de Moura Brizola, em Niterói (RJ). Ambos os filmes levam assinatura da diretora baiana Liliane Mutti e serão exibidos gratuitamente, na próxima quarta-feira (20), às 18h, na Sala Walter da Silveira, com participação da cineasta e do diretor do CIEP, Cícero Tauí. Já na sala Glauber Rocha, os filmes serão exibidos na terça-feira (19), às 20:35, com a entrada a partir de R$6.
Com fotografia de Daniel Zarvos, “Salut, mes ami.es !”mostra a rotina dos estudantes após dois anos de pandemia, de confinamento, tudo com uma dose de melancolia, apreensão, esperança, que precede a despedida da escola e o início da “vida adulta”. O documentário evoca uma reflexão sobre o rito de passagem desses jovens, que são os protagonistas da história. O filme é inspirado no longa-metragem “High-School” (1968), de Frederick Wiseman, com quem Liliane Mutti e Daniel Zarvos conviveram em residência artística no Centre International Les Récollets, em Paris. Os alunos cantam espontaneamente “Bella Ciao”, hino da resistência ao fascismo, em uma emocionante cena em preto e branco que homenageia o filme de Wiseman.
A abertura da sessão ficará a cargo do premiado curta-metragem “Elle, Marielle Franco”. O filme tras a voz de Marielle, como na passagem: “Não serei interrompida, vai ter que aturar mulher negra, trans, lésbica, ocupando a diversidade dos espaços.” A voz de Marielle Franco (Presente!) ecoa entre os oito minutos do curta, assinado por Liliane Mutti e Daniela Ramalho. “Elle, Marielle Franco” é um filme-ensaio, um filme sonoro, narrado por áudios em primeira pessoa de Marielle. No curta, a voz de Marielle alterna com a voz de dor da sua mãe, Marinete, e de seu pai, Antônio. Seus pais foram a Paris, convidados para inauguração do jardim que leva o nome de sua filha, quando pediram justiça para Marielle e seu motorista Anderson, brutalmente assassinado no Rio de Janeiro.
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