Por Joaci Góes
(Ao casal amigo Patrícia e Toninho Andrade!)
No artigo da semana passada, acolhemos com entusiasmo o anúncio de que o Governo Federal decidira tomar medidas capazes de restaurar a dignidade da educação praticada no Brasil e apontamos as causas dos seus males, consoante respeitáveis pesquisas de campo. Sem dúvida, a causa maior reside no caráter grosseiramente ideológico que o ensino público adotou em nosso País, resultando no grande fracasso que inviabiliza o avanço do Brasil em nível minimamente compatível com suas enormes possibilidades.
Nesse cenário populista, tarefas de tão grande importância, como a alfabetização e os rudimentos da aritmética, são consideradas fajutas, diante do objetivo maior consistente na libertação do espírito, que cada qual define como quiser, já que a discussão de conceitos que integram o cerne da vida acadêmica é vista, nesse ambiente contaminado, como preocupação de conteúdo burguês, com o propósito de preservação do status quo dos que dominam a cena social, consoante as lições do pensador Paulo Freire, cujas ideias prevalecem no ensino mendicante que se pratica em nosso País, do fundamental aos doutorados, com as exceções que não infirmam a regra geral.
Ainda que entre pouco e nada tenha sido feito, até agora, para corrigir esse entrave patológico, a emersão da consciência universal de sua existência é realidade a ser festejada, porque sem ela nada poderia ser feito para destruí-la. A experiência emanada dos povos que triunfam no setor educacional ensina que a medida de desempenho dos mestres tem que ser o resultado alcançado pelos seus respectivos alunos, daí advindo as promoções bem como ganhos extrassalariais. Não se compreende a teimosa recusa da mentalidade sindical, que domina a educação pública brasileira, em aceitar o reconhecimento do mérito como o parâmetro de aferição da qualidade do ensino, como o fazem as nações do Primeiro Mundo. Enquanto o eleitorado continuar de costas para a importância da educação, como fator central de nosso desenvolvimento moral, espiritual e material, continuaremos a ver o alargamento do mar de problemas que infelicitam a nação. Basta ver que é majoritário o percentual dos pais que se revelam satisfeitos com a péssima educação dos filhos, bem assim professores e os próprios alunos. Por isso, só como exceção, políticos que concorrem às eleições incluem a imperiosa necessidade de melhorar nosso sistema educacional em suas plataformas de trabalho. Sem a ação firme do Estado para resistir e vencer o adonamento sindical da educação brasileira, continuaremos a figurar entre as nações de mais baixo desempenho na construção de bem-estar dos seus povos, tendo em conta as enormes riquezas naturais e potencialidades de que dispomos.
Sem dúvida, a universalização das Escolas Parque, no modelo preconizado por Anísio Teixeira, aliado à utilização de técnicas modernas de ensino, através da INTERNET, tem tudo para interromper este círculo vicioso perverso que estiola nosso avanço.
É verdade que o berço, nutriente de valores, precede o aprendizado de conhecimentos, binômio que define o mais nobre conceito do que seja uma educação destinada ao aprimoramento da humanidade. Desgraçadamente, por isso, é tarefa das mais difíceis a universalização de processos educacionais de qualidade em países onde, majoritariamente, os eleitores elegem bandidos, com o apoio de tribunais superiores. O berço, refletindo o maior ou menor interesse dos pais na educação dos filhos, antecede a própria escola, em importância, como fator educacional. O valor do berço, ou o capital intelectual representado pelo nível educacional da família, constitui a maior desvantagem inicial dos alunos de origem modesta, razão pela qual as escolas-parque de Anísio Teixeira são um imperativo moral e econômico para minorar esse handicap inicial dos menos favorecidos, para competir no mundo da praxis. O acompanhamento, pelos pais, da realização dos deveres de casa opera milagres de desempenho acadêmico.