Por Joaci Góes
Para o amigo Eduardo Lessa Guimarães!
O Brasil é o país de vida econômico-social mais trepidante entre as vinte maiores economias do Mundo. Basta ver o que protagonizamos de grande e de bizarro, nos últimos dois meses, variando entre eleições locais e internacionais, com nosso Chefe de Estado se incompatibilizando com algumas das forças mais poderosas do Planeta, de permeio com o exercício da presidência e recepção dos chefes de estado das vinte maiores economias, culminando com um corte de gastos que reduziu seus índices de aprovação, pelo mercado, a ínfimos 4%, conforme pesquisa Quaest, ontem divulgada. Aprovação menor não se conhece, dentro e fora do País.
Com espantosa celeridade, nos bastidores, o nome do Presidente Lula deixa de ser considerado, por parcela ponderável dos seus aliados, uma possibilidade de reeleição viável, tamanha a percepção crescente do desapreço que sofre do eleitorado, como registram as sucessivas pesquisas de opinião pública. Paralelamente, cresce a consciência coletiva da imperiosa necessidade de libertar o país da maniqueísta e paralisante escolha Lula x Bolsonaro, escaldante caldeirão de ódio paralisante, optando pelo caminho das nações maduras que não confundem adversários políticos com inimigos figadais, como vem ocorrendo entre nós. Tudo isso, sem levar em conta, ainda, o chamado efeito Trump – Musk, associado ao rompimento com a Argentina, fatos que isolam o Brasil no Continente Americano, juntamente com a Venezuela, Cuba e Nicarágua.
Uma reduzida elite política brasileira, vacinada contra paixões paralisantes, vem pregando a imperiosa necessidade da criação de um cenário que permita ao próximo Presidente a formação de sólida maioria com que governar, sem a necessidade de fazer concessões que amesquinham a Administração e impedem uma governança sintonizada com os interesses das próximas gerações, condição sem a qual continuaremos a patinar na ilusória aspiração de sermos o País do Futuro, como vaticinou, em título de livro famoso, o austríaco Stefan Zweig (Viena 1881-Petrópolis 1942), um dos escritores mais lidos do mundo, que suicidou, temeroso de ser entregue a Hitler pelo governo fascista de Getúlio Vargas, como acontecera com Olga Prestes.
A julgar por sua rocambolesca biografia, amplamente conhecida do povo brasileiro, a expectativa é a de que Lula, atropelando conselhos, continuará tentando alternativas que colidem com a experiência consolidada dos povos, a exemplo das acerbas críticas que dirigiu ao Presidente do Banco Central, Campos Neto, em suas decisões reconhecidamente acertadas, de elevar a indesejável taxa de juros SELIC, como mecanismo de controle da inflação, considerada o pior dos males para a estabilidade econômica dos povos. E agora, o que ele dirá do novo presidente Gabriel Galipolo que concorda com Campos Neto? Ficará com a visão terceiro-mundista da futura ministra Gleisi Hoffmann, ardente defensora do governo de Nicholas Maduro e de suas práticas ditatoriais?
Com a liberação das emendas parlamentares, Câmara e Senado aprovarão o programa de corte de gastos do Governo, como imperativo para se ajustar aos limites impostos pela Constituição. Com a antecipação do verão, atravessaremos o Natal e o Ano Novo, de olhos postos no 20 de Janeiro de 2025, posse de Trump, a partir de quando deveremos viver novas e intensas emoções. Deus queira que o Brasil seja poupado, ao máximo, dos enormes e gratuitos excessos praticados pelo seu Chefe de Estado.
Quanto aos inquéritos para apurar a existência ou não da tentativa de Golpe de Estado pelo ex-Presidente Bolsonaro e mais 36 militares, os fatos, até agora levados a público, constituem verdadeiro libelo de inocência de todos os envolvidos. A menos que prevaleça o mesquinho espírito revanchista que puniu patriotas inconformados em ver na Presidência o mais notório assaltante dos cofres públicos, na história do Mundo Moderno, transformados em vândalos, com a conivência, propositadamente omissiva, do Governo Federal.