Por Zédejesusbarreto
No tempo que a bola era de couro, de verdade, um dia antes da peleja cumpríamos o ritual de ensebar, passar um sebo de carneiro na pelota pra ela ficar mais macia. Nas chuteiras também, endurecidas pelas disputas no chão duro, no cascalho, na lama … Foi, era assim.
Puxei essa lembrança boba pra dizer que faltam poucos dias pra bola voltar a rolar nos gramados brasileiros, baianos… O nosso futebol está de volta. As equipes estão em fase de preparação para o começo de uma longa temporada – Baianão, Nordestão, Copa do Brasil, Brasileirão-, até dezembro. É preciso renovar e azeitar as equipes para as renhidas batalhas, pois. Assim…
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Vitória a todo vapor
Sob comando de Leo Condé, o elenco do Leão Rubro-negro, já com 10 novos contratados integrados, treina forte no CT do Barradão, de olho na primeira competição em vista, o Campeonato Baiano. Vai entrar com tudo, o objetivo é disputar o título, coisa que há tempo não acontece. Teremos um Leão faminto, podem acreditar.
O Vitória estreia na quarta-feira, dia 17, às 19h15, contra Jacuipense, em Riachão do Jacuipe. No sábado seguinte, dia 20, às 16h, recebe o Bahia de Feira, no Barradão, casa certamente cheia por conta do entusiasmo do torcedor com a volta da equipe à primeira divisão do Brasileirão e também pela a curiosidade com as caras novas. Vamos ver quem tem farinha no saco.
Os mais novos a chegar na Toca foram o goleiro Muriel, 36 anos, irmão de Álisson (da Seleção) e o lateral esquerdo Lucas Esteves, 23 anos, cria do Palmeiras e que jogou a temporada passada no Atlético GO.
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Bahia no frio inglês
O Tricolor, agora ‘City’, já está em Manchester (zero grau, inverno), miolo da Inglaterra, para uma pré-temporada de 12 dias nas dependências do City, atual campeão de tudo (inglês, Europa e mundo). O treinador Rogério Ceni selecionou 25 atletas para a aventura:
– Os goleiros: Adriel, Danilo Fernandes e Marcos Felipe; os laterais: André, Cicinho, Gilberto, Caio Roque e Ryan; os zagueiros David Duarte, Gabriel Xavier, Kanu, Marcos Victor e Vitor Hugo; os meio-campistas: Cauly, Éverton Ribeiro, Jean Lucas, Rezende, Sidney (base), Thaciano, Juba e Yago Felipe; e os atacantes: Ademir, Biel, Everaldo e Rafael Ratão.
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Há expectativa de que por lá se integrem um ou dois novos nomes, do mercado europeu, sobretudo um atacante. Na contramão das novidades, alguns jogadores que se reapresentaram ficaram ausentes. Caso, por exemplo, dos meio-campistas Diego Rosa e Léo Cittadini, que devem provavelmente reforçar o Time B que vai iniciar o Baianão. O Tricolor estreia no dia 17, contra o Jequié, na Fonte Nova, às 21h30. Na sequência encara o Atlético Alagoinhas, fora de casa, domingo, dia 21, às 16h.
Estão já de fora do clube o lateral Matheus Bahia e o meia Mugni, que vão reforçar o Ceará, na segundona, além do atacante Jacaré, que acertou com o América MG, também na Série B.
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Eu diria que esse novo Bahia City tem surpreendido e se destacado mais no marketing que na bola. Contratam um bom jogador, Everton Ribeiro, e vendem a ilusão de que o time, por isso apenas, já está entre os primeiros da prateleira. Muito blábláblá, vamos esperar a bola rolar, ver se o treinador Ceni vai achar o encaixe e um jeito de jogar de time grande. Porque futebol, em campo, é outro babado. A temporada é longa, puxada e é preciso ter elenco forte pra chegar nas pontas no final, em dezembro.
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Beckenbauer, o Keiser alemão
Dois dias depois do nosso Zagallo, foi-se outro grande nome do futebol mundial, o alemão Franz Beckenbauer, aos 78 anos, campeão do mundo e capitão da Alemanha em 1974 – desbancando na final a favorita Holanda – e treinador Campeão do Mundo também em 1990. Um mito. Talvez o atleta mais completo da história do futebol alemão, pelo futebol que jogava, os títulos conquistados, a elegância, o estilo – era um zagueiro de origem, líbero, que avançava como meia e chegava à frente como um atacante. Inventou um jeito de jogar, de explorar o espaço em campo. Inteligência pura, craque.
Atuou 13 anos pelo Bayern Munique, três vezes conquistou a Liga dos Campeões. No final de carreira foi jogar no Cosmos de NY, ao lado de Pelé, de quem se tornou um grande amigo. Parou de jogar em 84, foi ser treinador. Uma lenda. Um atleta exemplar e tão determinado que disputou um jogo inteiro na Copa de 70 com o braço na tipóia, tinha deslocado o ombro numa disputa e não quis deixar o campo. Sem mimimis. Um dos eternos ídolos do mundo da bola.
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Já começou o Nordestão
Cê sabia? Existe uma Pré-copa do Nordeste, eliminatória e seletiva, em andamento. O Altos do Piauí já detonou o Santa Cruz de Recife, o ‘santinha’ não tem jeito. Já foi o time de maior torcida de Pernambuco, um esquadrão coral na década de 60/70.
O Asa de Arapiraca derrubou o CSA de Alagoas; a nossa Jacuipense caiu para o Botafogo da Paraíba, mas o Juazeirense/BA segue na disputa por uma vaga na ‘Lampions League’/2024.
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Pra fechar esse balaio de férias, um regalo do amigo poeta, compositor, violonista, Walmir da Rocha Palma, bom de samba, amante da bola:
“Todo brasileiro tem a bola na cabeça
Tem ginga e treita / na arte da gingada
Tenta gol até de letra/ mandinga inventa
E haja craque, mais um drible pra galera
É show, é alma
Banho de cuia, nó de corpo e bicicleta
Na arte, na raça
É folha seca, na malícia, de trivela
É gol de placa
Mata no peito, põe direto na gaveta
E tudo é festa
O brasileiro tem futebol no coração
O samba ensina
O jogo de cintura que embala essa nação
Que dá aos pés astúcias de mãos”
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Feliz Lavagem do Bonfim, nesta quinta-feira, 11 de janeiro, festa religiosa-popular, mais que sincrética do povo baiano. Tradição, fé e cultura.