Equações de Jerônimo e ACM Neto para 2024

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Por Victor Pinto
O maior desafio do grupo netista na eleição que se avizinha, sem sombra de dúvidas, é manter os espaços já conquistados nos grandes centros desde o último pleito municipal. Salvador – a joia da Coroa -, Feira de Santana e Vitória da Conquista são os principais alvos. Mas, para além desse tripé de sustentação, avançar nas cidades de médio e pequeno porte são importantes para projetos futuros. Estancar o rolo compressor governista, e com uma nova engrenagem que tem sido o governo Jerônimo Rodrigues (PT), não será uma tarefa fácil.

Quando as fontes nos dizem que o governador ainda não sentou para governar e tem rodado o interior, isso se desenrola justamente para o próprio Jerônimo se tornar mais conhecido e, principalmente, pavimentar os palanques aliados. O petista sabe que isso será um mola propulsora para seu projeto de 2026. Enquanto não passar o raio-x das urnas em outubro de 2024, creio, o mandatário do Palácio de Ondina não irá sossegar.

Também pudera. São 417 municípios carregados com suas peculiaridades e interesses cruzados que envolvem senadores, deputados estaduais, deputados federais, secretários e lideranças importantes do atual conselho político. Tabular e equalizar tudo em uma mesma sintonia vitoriosa é dificílimo. A chefia de Gabinete e a secretaria das Relações Institucionais andam comendo dobrado, apesar das bombas deixadas pela era Rui Costa.

Contudo, o pulo do gato da oposição em determinadas cidades vai do vácuo de sucessão até a falta de entendimento entre partidos da base, ponto provocador de racha do eleitorado. Dois casos emblemáticos para ilustrar isso: Lauro de Freitas e Itabuna. Na cidade vizinha de Salvador, Moema Gramacho (PT) nunca foi boa de sucessão, a história nos mostra. Há quem diga que até propositalmente para depois ela retornar. Os mais entendidos da cidade apontam ser a bola da vez do grupo opositor, se esse se articular numa cartilha unificada.

Já no exemplo do Sul da Bahia, vemos uma queda de braço do PT e do PSD, aliados estaduais. De uma ponta, o prefeito da cidade, Augusto Castro, do outro, no PT, Geraldo Simões se articulando no jogo e os dois quebrando pau. O deputado e ex-vereador Pancadinha (SD) assistindo de camarote e se escalando como possível detentor de uma terceira via desse racha governista. A minha terra natal, Coité, vive situação semelhante, onde de um lado tem Val (PSD), esposa do deputado Alex da Piatã (PSD), do outro tem o ex-prefeito Assis (PT) e no meio, vendo o circo pegar fogo, o prefeito Marcelo Passos (UB), irmão do ex-deputado Tom (UB) e aliado de ACM Neto (UB).

Em Juazeiro, por exemplo, Suzana é do PSDB, vai para reeleição, mas até que ponto fica com ACM Neto? Lá, os tidos governistas não se bicam, como Isaac Carvalho, Joseph Bandeira, Zó e cia. Outra equação dificílima de fechar. Na região Oeste será possível ver uma contenda dentro do próprio PSD, pois quando Eures Ribeiro, deputado, quer encostar na região, ameaça a articulação Jusmari Oliveira e Oziel Oliveira, ambos também da legenda de Otto Alencar (PSD).

Então, são situações chaves que podem pavimentar o grupo netista, como já disse, em alguns vácuos, como, se conseguir unidade e entendimento, o que é difícil do tamanho que a articulação política e a sopa de letrinhas que o governo vai, fechar a conta. Quem acha que ACM Neto, por mais que tenha vivido seu luto político depois da pancada que tomou em 2022 está “acabado politicamente”, não se engane. Do mesmo modo aqueles que acreditam que o simples fato de pertencer à engrenagem estadual da gestão com o link da imagem de Lula (PT), por si só, já vai se sagrar vencedor, que coloque sebo nas canelas. Veremos até que ponto a nacionalização da eleição vai ter impacto no próximo ano ou não será tão impactante como nos últimos anos, principalmente em Salvador.

Sobre a capital, um adendo: O PT validou o nome do deputado estadual Robinson Almeida (PT) como pré-candidato a prefeito. O encontro teve até a presidente nacional da sigla, Gleisi Hoffmann. O partido, principalmente a bancada de vereadores da CMS, quer lançar um candidato próprio. Porém, dentro do governo, o nome não está com martelo batido. O governador quer trabalhar com a ideia de candidatura única, e Robinson é visto como um nome na fileira, que pode ser cabeça de chapa, pode ser vice ou pode, no fim das contas, não ser ungido. Não sendo o quadro escolhido, o PT aceitaria bem essa decisão? Com esse eventual cenário, a chance da pulverização e do “cada um por si” não está descartada. Se ocorrer, somado ao possível apoio do PL a Bruno Reis, a reeleição do atual chefe do Palácio Thomé de Souza ganha força. A conferir.
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Jornalista /twitter: @victordojornal