História de pescador

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Por Joselito Conceição
Dizem que história de pescador nem sempre é verdade, mas com certeza, nem sempre é mentira. Defendo assim meu saudoso amigo Mário Valença, contador de histórias suficientes para escrever um livro. Mário, saiu da Cidade de Valença e foi morar na Boa Viagem em Salvador, por isso ficou conhecido como Mário Valença, ilustre figura, operário da fábrica de tecidos da Boa Viagem, morador da Vila Operária. Homem simpático, pai de família, não fazia objeção em conversar com os mais jovens, sua fama de contador de histórias permanece viva até hoje.
Certa vez Mario Valença contou que quando muito jovem, na sua terra natal, estava pescando em alto mar quando de repente fisgou um peixe tão grande que arrastava o barco na tentativa de fuga – é sempre assim – o maior peixe é o que consegue escapulir, pior dessa vez, seu relógio de estimação folgou a pulseira e caiu no mar exatamente quando o peixão fugia. Perdeu o peixe e o relógio. Anos depois quando estava pescando na Boa Viagem, um peixe fisgado começou arrastar seu barco, experiente, segurou firme e pegou o bicho, no barco o peixe estranhamente “tinha um tic tac invocado” na barriga, contava Mário, que apressadamente abriu o peixe e grande foi seu susto: o relógio de estimação, perdido no mar de Valença, estava na barriga do peixe pescado na Boa Viagem! Que alegria! “O danado funcionava normalmente”, parecia até melhor do que antes, cheio de corda marcava a hora certa, segundo ele, foi sua “Valença”, e absorvido com a pescaria da madrugada, quase perdia o horário de ir para a fábrica, o relógio só faltou despertar, parecendo querer dizer, “tá na hora peão!”, e chegando em casa, quase não dava tempo tomar o café matinal preparado pela saudosa dona Silvia.
Mario Valença, nunca mentiu, apenas contava histórias, verídicas, afirmam seus filhos e dizem que quem duvidar pergunte aos pescadores da Boa Viagem, “que não nos deixam mentir”. Não sabemos ao certo se algum deles ficou com o legado do pai, dizem que um é o pai em quase tudo, menos na pescaria, porque segundo eles, na Boa Viagem nunca mais vai aparecer um pescador tão bom, quanto Mário Valença.
Aí lembramos o saudoso Chico Anísio:
“É mentira Terta?”
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Joselito Conceição, Diácono Permanente, Radialista, Poeta, Articulista, Membro da Academia de Letras e Artes Mater Salvatoris