LUCAS ANDRADE E A PERCEPÇÃO

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Por Roberval Santos

Estávamos num aniversário de um querido amigo em comum, também músico, quando, no final da noite, depois de celebrarmos tocando e cantando, lógico, começou a tocar no som ambiente uma playlist de streaming, enquanto “batíamos uma gelada” e resenhávamos sobre a noite.

Sempre acontece de lembrarmos de casos e curiosidades, lendas ou verídicas, do universo da música. Mas, de repente, o silêncio absoluto reinou… Um sax invadiu o ambiente e tomou a atenção dos presentes, apaixonados por música. Lucas rompeu o silêncio com uma afirmação: “Este sax é Zé Nogueira!” Era a introdução de “Rota do Indivíduo”, de Djavan e Orlando Moraes, na interpretação de Fátima Guedes, no disco “Pra Bom Entendedor”, de 1993.

Um belíssimo disco! Continuamos ouvindo a canção. E, mais uma vez, depois de alguns minutos, ele ratificou mostrando o aparelho celular como prova: “Eu não disse? É ele!” Lucas Andrade é um jovem clarinetista, hiper talentoso, que conheci na Escola de Música da UFBA. Para quem não sabe, todas as faculdades de artes da Universidade Federal da Bahia são batizadas como “escolas”: Escola de Teatro, Escola de Belas Artes, Escola de Dança… Já há algum tempo, Lucas Andrade, que é de Santo Antônio de Jesus, interior da Bahia, integra a Orquestra Sinfônica da Paraíba e acompanha em shows artistas do calibre de Rosa Passos, também baiana. Esta identificação do instrumentista é gerada por muita percepção e conhecimento do estilo e forma de tocar de um músico.

Assim acontece, também, com a identificação de um compositor, seja no instrumental ou na canção, quando não é o mesmo que interpreta. E, para minha satisfação e surpresa, o querido Lucas nos apresentou, naquela noite maravilhosa, um site onde está disponível um acervo com mais de 7 mil discos, com todas as fichas técnicas, completas. Foi dali, daquele sítio virtual, que ele conferiu a sua certeza.

É um catálogo organizado por Maria Luiza Kfouri: Discos do Brasil! Um excelente trabalho e uma extraordinária ferramenta de pesquisa musical. Um sonho, um verdadeiro oásis para pessoas como eu. Tenho que confessar que ficaram rindo, e muito, da minha reação. Era um misto de realização e incredulidade que estava estampado no meu semblante! Como eu não sabia que aquilo existia? Como! Obrigado, querido Lucas Andrade!
Viva a música brasileira!
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Músico, instrumentista e pesquisador