Por Marcus Machado
No mês dedicado à conscientização sobre a saúde mental e à prevenção do suicídio, reforçamos a importância de priorizar o bem-estar emocional e psicológico ao longo do ano inteiro. Este período também nos convida a refletir sobre os avanços no tratamento dos transtornos mentais e como eles podem promover uma vida mais saudável e equilibrada. Entre essas inovações, a genética se destaca como um fator transformador, trazendo novas esperanças e possibilidades para melhorar a qualidade de vida da população.
Nesse contexto, a genética está abrindo novas fronteiras no tratamento e cuidado com a saúde mental, trazendo avanços promissores para a medicina personalizada. Os progressos na pesquisa genética, impulsionados pela concretização do Projeto Genoma Humano e pelos avanços nas neurociências, têm revelado como variações genéticas podem influenciar o desenvolvimento de transtornos mentais e a eficácia dos tratamentos.
No que diz respeito à identificação de riscos para a depressão, os exames de DNA estão revelando um potencial promissor. Esses testes permitem uma melhor avaliação dos riscos e a personalização de tratamentos mais eficazes. A análise genética possibilita agora a detecção de variações específicas em genes associados a transtornos mentais, abrindo portas para intervenções mais precoces e direcionadas. Genes como NOTCH1, BDNF e FKBP5 têm se destacado como indicadores importantes na previsão da ansiedade e da depressão, oferecendo novas esperanças para um manejo mais eficaz dessas condições.
Uma das inovações mais significativas no tratamento da ansiedade e depressão é o exame farmacogenético, que analisa como o DNA do paciente influencia a resposta a medicamentos antidepressivos. Esses testes podem prever quais medicamentos terão uma melhor resposta com base nas variações genéticas do paciente, otimizando o tratamento e minimizando os efeitos colaterais. O teste farmacogenético detecta variações que comprovadamente interferem na farmacocinética (absorção, distribuição, metabolização e excreção) e na farmacodinâmica (mecanismo de ação) dos medicamentos, permitindo uma abordagem mais direcionada e personalizada.
A personalização do tratamento com base no perfil genético tem o potencial de aumentar significativamente a eficácia das terapias para depressão. Em vez de aplicar tratamentos padronizados, a medicina personalizada considera as características genéticas individuais para oferecer terapias ajustadas às necessidades específicas de cada paciente. Isso pode incluir a escolha do medicamento mais eficaz, ajustes nas doses e uma previsão mais precisa dos riscos de doenças. Os principais benefícios incluem uma melhor adequação dos tratamentos, maior taxa de resposta, redução dos efeitos colaterais e diminuição dos custos com saúde.
Além do tratamento, a genética também pode ajudar a prever crises futuras em indivíduos já diagnosticados com depressão. Estudos em andamento estão investigando como as abordagens genéticas e neurobiológicas podem elucidar a etiologia dos transtornos mentais, ajudando a prever riscos e permitindo um diagnóstico mais precoce.
Embora mais pesquisas sejam necessárias, os avanços atuais oferecem perspectivas promissoras para o desenvolvimento de tratamentos mais eficazes. É essencial reconhecer o impacto positivo que a genética tem proporcionado à medicina. A integração de inovações genéticas com abordagens direcionadas está ampliando as possibilidades de cuidado com a saúde mental, trazendo novas esperanças para o tratamento e a prevenção da depressão.
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Farmacêutico, bioquímico e diretor técnico do IHEF – Instituto de Hematologia e Hemoterapia de Feira de Santana