O primeiro-ministro de Jerônimo como a aposta do PT para o futuro

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Por Victor Pinto

O movimento recente em torno do nome de Adolpho Loyola, atual secretário de Relações Institucionais da Bahia, reacendeu debates sobre sucessão e poder dentro do PT. Não é de hoje que esse falatório acontece. Ganhou mais luz depois da grande repercussão da sessão que o concedeu o título de cidadão soteropolitano. Diante desse contexto, se há cargos que carregam mais influência do que aparentam, a SRI é um deles. Ali se costuram alianças, se administram tensões na base e se dá sustentação ao governador Jerônimo Rodrigues. Loyola, nessa missão, não é apenas um secretário: é tratado como o “primeiro-ministro” do governo, principalmente após ter acumulado o cargo de chefe de gabinete do governador.

Historicamente, o PT baiano sempre teve figuras de peso nesse papel. Na época de Jaques Wagner, o interlocutor preferencial era Rui Costa, que mais tarde se tornaria governador. No final do governo Rui e início de Jerônimo teve Luiz Caetano, hoje prefeito de Camaçari. A lógica se repete: Loyola surge como uma liderança com a missão de segurar pontas políticas e, ao mesmo tempo, se projetar para o futuro. Não à toa, o próprio Wagner, sempre cuidadoso em moldar sucessores, é apontado como padrinho dessa trajetória.

Sua origem no interior e sua formação petista ajudam a compor uma imagem de continuidade com a tradição do partido na Bahia: governar combinando a força dos movimentos sociais com pragmatismo político. Loyola domina o mapa de prefeitos, deputados e lideranças locais. As bandas A, B e C. É, de certa forma, o fio que conecta Jerônimo à sua base parlamentar. E em tempos de desgaste natural após quase vinte anos de PT no poder estadual, essa habilidade pode fazer a diferença.

O paralelo com o passado é inevitável. Assim como Rui Costa foi testado como articulador antes de ganhar musculatura para disputar o governo em 2014, Loyola agora é posto à prova. A diferença é que o contexto é mais desafiador. O PT enfrenta um eleitorado mais fragmentado, uma oposição razoavelmente ainda fortalecida em ACM Neto e União Brasil, e aliados desconfortáveis, como o PSD, que cobra espaço e pode repensar a aliança.

Os desdobramentos são claros: Loyola desponta como possível nome a longo prazo, para 2030, ainda que não se descarte uma aceleração desse processo, dependendo de como Jerônimo conduzir sua reeleição em 2026. Dentro do partido, já há quem o trate como “ungido” por Wagner, um selo que sempre pesou no PT baiano, ainda mais com o controle do senador do diretório estadual da sigla, vide a ascensão de Tássio Brito.

Críticos dizem que Loyola ainda precisa mostrar rosto público, sair da função de bastidor e se apresentar como liderança estadual. Eis que o projeto da Serin Itinerante pode começar a suprir essa lacuna. E se a história ensina alguma coisa, é que a política baiana já fez desse roteiro um trampolim para o governo.

Traduzindo: Loyola é hoje peça-chave da engrenagem petista. Repare: segura a governabilidade de Jerônimo, organiza a base e projeta o futuro do partido. Se será o próximo governador ou apenas mais um personagem da longa história do PT na Bahia, ainda é cedo para cravar, acho que nem Madame Beatriz consegue prever ainda. Mas que seu nome entrou de vez no tabuleiro, disso não resta dúvida, basta você ouvir as histórias que surgem nos corredores das secretarias, no pé de ouvido dos eventos políticos ou, principalmente, o falatório dos mais entendidos pela Assembleia Legislativa da Bahia. A conferir.