O que o Chile me mostrou em pouco mais de oito dias

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Por Victor Pinto

Viajar é sempre uma forma de ampliar horizontes. Foi o que fiz em uma viagem de pouco mais de oito dias ao Chile, organizada com antecedência e, como muitos brasileiros têm feito, parcelada.

O roteiro incluiu diferentes paisagens e experiências. No Cajón del Maipo, a poucas horas de Santiago, vi de perto o encontro entre montanhas, águas geladas e a tranquilidade dos vales andinos. Já no Deserto do Atacama, com base em San Pedro, percorri lagunas altiplânicas, salares e os impressionantes gêiseres de El Tatio. O contraste entre o frio da madrugada e os vapores da terra cria um cenário único.

No litoral, Valparaíso e Viña del Mar mostraram outra face do país. A primeira, mais histórica e caótica, respira cultura e arte urbana. A segunda, mais organizada e turística, vive do verão, das praias e dos jardins. Fechando o roteiro, Algarrobo, com sua atmosfera tranquila e mar calmo, reforça a vocação costeira da região.

Como faço em toda viagem, busquei acompanhar a política e a economia local pelos jornais chilenos. O país vive debates importantes: a reforma da previdência, os desafios no combate à criminalidade e as consequências do envelhecimento da população. 

A economia, embora estável em muitos aspectos, lida com inflação acima da meta e um desemprego ainda elevado. Recentemente, o Banco Central do Chile elevou a projeção de crescimento econômico para 2025, situando-o entre 1,75% e 2,75%. A inflação, embora prevista para superar 4,5% em meados do ano, é esperada em 3,8% até dezembro.

A presença do turismo, no entanto, segue sendo um ponto de apoio relevante — e isso fica claro em cada cidade visitada. Um ponto que chamou atenção foi a quantidade de brasileiros. Em passeios, restaurantes e até em conversas informais, era comum ouvir o português ao redor. O Chile tem se consolidado como um destino acessível, seguro e com boa infraestrutura para quem busca natureza, cultura e descanso.

Ainda sobre a política, nos dados que li do noticiário, em 2021, o Chile testemunhou uma mudança política com a eleição de Gabriel Boric, um ex-líder estudantil de 35 anos, que derrotou o candidato de extrema-direita José Antonio Kast, sinalizando o desejo da população por reformas progressistas. Boric enfrentou desafios consideráveis, incluindo derrotas em referendos constitucionais e dificuldades econômicas, o que resultou em uma queda de apoio popular.  

À medida que as eleições presidenciais de novembro de 2025 se aproximam, o cenário político chileno apresenta uma fragmentação. Observa-se ainda uma crescente apatia entre os eleitores jovens, refletindo uma volatilidade que pode influenciar os resultados finais.  Esse panorama indica uma eleição aberta e imprevisível.     

Mais do que um destino turístico, o Chile oferece reflexões. Ao observar seus avanços e dificuldades, é possível pensar sobre o nosso próprio país e as escolhas que fazemos. Viajar, nesse sentido, também é uma forma de entender melhor o mundo — e a nós mesmos.

Jornalista / twitter: @victordojornal