‘Os Miseráveis’, de Victor Hugo: Épico Social

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Por Elieser César
Um livro colossal, uma epopéia humanista, um épico social, uma descida abissal no coração dos homens, virtuosos e canalhas. Não faltam definições para resumir Os Miseráveis, o romane clássico de Victor Hugo.

Acabo de sair com a alma purificada das quase 2 mil páginas da edição, em dois volumes dentro de uma caixa da Cosac Naify. Comprei por módicos R$ 20,00 num sebo de rua do centro de Salvador. Antes, havia lido uma edição resumida.

Por três semanas, caminhei com a redenção de Jean Valjean; com a bondade nazarena do Bispo Bienvenu; com a obsessão persecutória de Javert. Acompanhei o sofrimento de Fantine; deplorei a exploração da pequena Cosette; odiei a sórdida união do casal Thérnardier; comovi-me com o heroísmo idealista dos estudantes na barricada da Rue Saint-Denis, sem, contudo, deixar de discordar do martírio romântico de um punhado de jovens diante de um pequeno exército numa luta suicida e desproporcional.

Senti a morte do bravo menino Gravouche e também da sua irmã Eponine. Segui Jean Valjean pelos esgotos de Paris na miasmática travessia para salvar a vida Marius; testemunhei o ocaso de Napoleão Bonaparte, no eletrizante capítulo sobre a batalha de Waterloo.

Sim: Os Miseráveis é mesmo uma sucessão de episódios tristes, cativantes, edificantes e ainda um romance com clara intenção moralizante, com Victor Hugo escrevendo como o corregedor de uma sociedade decaída, mas em busca de um futuro redentor para a humanidade.

Depois da leitura desse grande romance, percebemos que o espírito humano não é tão miserável como, à primeira vista, parece.

(Foto: Maria Cecilia).