Em setembro do ano passado, a Folha de São Paulo revelou que a PF havia encontrado as transações suspeitas após analisar dados encontrados no celular e na nuvem de Cid, que foi o braço-direito de Bolsonaro no governo.
A linha investigativa da PF está em um dos inquéritos relatados por Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). A polícia fala da suspeita em pedidos de quebra de sigilo bancário e o ministro também cita em suas decisões que autorizaram as medidas.
Ao autorizar a extensão das quebras de sigilos de Cid, funcionários da Presidências e pessoas ligadas a Michelle, Moraes afirma que os elementos colhidos pela PF revelam “fortes indícios de desvio de dinheiro público, por meio da Ajudância de Ordens da Presidência da República” para pessoas indicadas por duas assessoras da ex-primeira-dama.
O delegado do caso diz no documento ao qual a Folha teve acesso que ainda precisaria aprofundar as investigações, mas que havia indícios no sentido do desvio.
O advogado de Cid, Bernardo Fenelon, disse que “por respeito ao Supremo Tribunal Federal, toda e qualquer manifestação defensiva será feita nos autos do processo”.
Como a Folha mostrou à época, conversas por escrito, fotos e áudios trocados por Cid com outros assessores sugerem a existência de depósitos fracionados e saques em dinheiro.
O material analisado pela Polícia Federal indica ainda que as movimentações financeiras se destinavam a pagar contas pessoais de Michelle.
A PF cruzou essas transações e descobriu que os valores custeavam um cartão de crédito em nome de Rosimary Cardoso Cordeiro, mas utilizado por Michelle.
Como revelou o UOL neste sábado (13), áudios de conversas de duas assessoras da primeira-dama, Cintia Borba Nogueira e Giselle dos Santos Carneiro da Silva, entre si e com Mauro Cid sugerem preocupação com os pagamentos das contas de Michelle.
A Folha também teve acesso a transcrição das conversas. Em um dos áudios, os envolvidos afirmam que a situação do cartão usado por Michelle é preocupante.
“A análise dos gastos realizados no cartão adicional em nome de Michelle, considerando a natureza e locais, como estabelecimentos de grande luxo, lugares de acesso complicado quanto ao grau de segurança e exposição, indicam que possivelmente foram expensas realizadas por terceira pessoa, diversa da primeira-dama”, diz a PF em documento obtido pela reportagem.
Da Folha