Ponto de vista é coisa séria

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Por Silvana Coelho

Comumente diante de conversas onde as pessoas tem opiniões diferentes e se inicia uma discussão improdutiva, alguém procura finalizar dizendo que é uma questão de ponto de vista. E na maioria das vezes é.

O que nem sempre se tem consciência é que o ponto de onde se observa algo ou algum fenômeno pode limitar a visão, de forma a dificultar ou até impossibilitar visualizar o ponto de vista do outro.

Nem sempre as palavras são a melhor forma de explicar isto. Os chargistas inteligentes e criativos imaginam desenhos inusitados que em instantes apresentam de forma clara este argumento. É o caso de uma charge que apresenta uma girafa artista pintando o que vê em uma tela. Um pouco à frente da girafa está uma mulher usando um chapéu. Do alto do seu pescoço, os olhos da girafa só vêm o topo do chapéu. E é o que ela pinta. Para que a girafa veja a totalidade da mulher, precisaria se afastar, o que lhe impossibilitaria ver com nitidez os detalhes.

Para além disto, quando se trata de homo sapiens, o ponto de vista não se refere apenas ao espaço físico. Envolve a subjetividade do sujeito que pinta, as suas histórias prévias que impactam nas suas interpretações do que vê. Diante da tarefa de pintar a mulher de chapéu, alguém pode pintar uma mulher elegante, outro uma mulher exibicionista. E o resultado ainda vai depender da forma como o artista se expressa, pode ser uma pintura realista, expressionista, impressionista, surrealista…, mas sempre invocará as memórias e emoções que o artista traz.
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Articulista e doutora em gestão