Presidência da Câmara: ainda tá difícil para Elmar e para Brito

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Por Victor Pinto
Desde 1995, quando Luís Eduardo Magalhães, na época PFL, ocupou a presidência da Câmara dos Deputados, a Bahia não conseguiu emplacar outro parlamentar na cadeira. Com a eleição para a presidência da Câmara prevista para fevereiro de 2025, dois nomes baianos, Elmar Nascimento (UB) e Antonio Brito (PSD), despontam como pré-candidatos, mas num cenário repleto de obstáculos.

A corrida pela sucessão de Arthur Lira (PP-AL) – que não pode mais concorrer à reeleição -, creio, fica indefinida a cada dia que passa. Além dos baianos, outros deputados se apresentam como pretensos sucessores: Marcos Pereira (Republicanos-SP) e Isnaldo Bulhões Jr. (MDB-AL). A missão de suceder Lira terá um caminho tortuoso, especialmente para os baianos.

Vamos aos contextos do momento. Elmar é considerado o mais ligado a Lira, o que, numa faca de dois gumes, pode ser tanto uma vantagem quanto uma desvantagem. Essa proximidade gera apreensão entre outros parlamentares, especialmente aqueles do baixo clero, que criticam seu estilo ríspido, similar ao de Lira, como bem apontou a Folha na edição do fim de semana.

Além disso, existem dois personagens de influência para atrapalhar sua vida no Planalto: o senador Jaques Wagner (PT) e o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT). Ambos, do PT baiano, núcleo adversário de Elmar em solo, podem costurar com presidente Lula (PT) uma possível interferência junto à base governista.

Outro fato complicador é o possível favoritismo do senador Davi Alcolumbre (UB-AP) para a presidência do Senado. Muitos políticos se opõem à ideia de um mesmo partido comandar as duas Casas do Legislativo. A postura de Elmar como presidente do Sindicato dos Deputados, como comentei faz pouco tempo na Band News FM, a exemplo da sua defesa contra a manutenção da prisão do deputado Chiquinho Brazão, envolvido no caso Marielle Franco, rendeu um sinal de alerta.

No outro campo, apesar de Antonio Brito, líder do PSD na Câmara, ser visto hoje como o nome mais próximo ao Planalto, o que lhe daria uma vantagem considerável, existe uma outra proximidade que o atrapalha com nome e sobrenome: Gilberto Kassab. O poder concentrado em sua mão causaria incômodo em outras hostes. Já não basta o tamanho atual do PSD.

Apesar das particularidades de cada pré-candidato, há um consenso nos bastidores de que nenhum deles, no momento, tem os votos necessários para assegurar a presidência da Câmara.

Essa rede de interesses e apoios destaca a dificuldade dos deputados federais baianos em se consolidarem como opções viáveis. A Bahia, com sua longa trajetória política, tem um caminho desafiador. Os próximos meses serão cruciais para Elmar e Brito, que precisarão superar resistências tanto internas quanto externas e construir alianças estratégicas para aumentar suas chances. Se der zebra, creio, vai acabar caindo no colo do MDB. A conferir.