Por Gerson Brasil
O gato imitava o aniversário de Glória, as taças não estalavam, esbarrões fugiam e a conversa. Bem, a conversa estava bem depositada nas bocas que se moviam para cima e para baixo, cumpriam a obrigação de acender os sorrisos, os olhos piscarem e Alice interessada nos brincos que vira na vitrine da loja e no que dizia Carlos.
Os brincos não a acompanharam, permaneceram na vitrine e nem se despediram de Alice e o interesse dela não chegou até eles e não foi por falta de palavras; ” se parecem com os de Gisele Bündchen”. Carlos falou com as mãos, regeu a orquestra e o interesse de Alice assentado na hipotenusa – igual a raiz quadrada da soma dos catetos ao quadrado, retornou para os brincos. Trocou a taça de mão e o salto do sapato, sem aviso, estalou e ficou deitado no chão. “ Não pretendia me tornar uma condessa descalça.
Carlos me parece um batom na calçada e os brincos bola de gude. Não posso assobiar para o táxi, o sapateiro só no dicionário, minha altura despencou, não há escada para corrigir, não vou sair correndo, nem andando, todos olham para mim, nenhuma ideia me ocorre e nem vou procurar, pode atrapalhar mais ainda. O que faço com a taça? Pesa como uma bola de ferro e nem me pareço com Carolina de Mônaco, da próxima vez vou tentar me interessar, afinal, everything happens to me, e sempre esqueço de urinar”.
—————————————–
Jornalista e escritor