Por Marcelo Pockye
“Não se preocupe com nada, eu te entendo. Minha missão foi bem diferente da sua. Entendo todas as suas limitações de humano. Eu senti o quanto você é frágil, como você sofreu com outras separações e perdas. Eu notei o quanto você teve medo de me amar. Vocês racionais são assim mesmo, são diferentes, cheios de pesos e medidas condicionais. Até mesmo no amor…..um absurdo. Mas tenha calma, eu te entendo.

Na primeira vez que nos encontramos, você achou que eu estava apenas te levando para dentro de casa. Na verdade, eu te conduzi para entrar no meu mundo. Carregar as pessoas pelo braço naquela escada sempre foi o jeito que eu tive para deixar que elas conhecessem meu universo, era o meu cartão de visitas.
Você foi uma das pessoas mais bobas que conheci. Apesar de toda carcaça, um boboca. Sempre fiz o que quis contigo. Só caía nas suas provocações quando deliberadamente queria. Nada do que você cochichou nos meus ouvidos me abalou.
Seus apelidos e comentários maldosos nunca me atingiram. Nasci linda e fui linda, sempre, em todas as idades. Fui olhada, observada e admirada em todos os ambientes. Imensa, roubei seu lugar nas almofadas e colchões na hora que quis. Sentei no seu pé quando quis, te encharquei de baba quando quis. Nunca me importei com a reclamação dos seus banhos e/ou perfumes recentes. Sempre, sempre te dominei.
Sim, você me carregou quando precisei, você dormiu comigo, precisando ou não. Isso nada mais foi que um teste. Quem nasce com as dádivas do amor, do perdão e da alegria sem limitações apenas observa, não fica medindo bondades e maldades. Apenas observa.
Eu me junto agora a algumas luzes e forças especiais que te protegem. Não pense que eu não sinto seu choro contido nas horas mais solitárias. Eu te entendo, tenha calma, você ainda tem muito que aprender sobre amor”.
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Cronista, DJ e advogado