Por Roberval Santos
Vi o anúncio da apresentação do exímio violonista Marco Pereira, que iria lançar o disco “Valsas Brasileiras” no extinto Teatro ACBEU. Era o ano de 1999 ou 2000! No disco ele executa, dentre outras, Luiza, Eu te amo, Beatriz e Valsinha. Tem um livro de partituras com os arranjos do disco. Muita gente já ouviu falar no violonista por causa de Gal Costa. Viveram um relacionamento durante algum tempo.
Cheguei ao teatro, poucas pessoas, a maioria músicos, e assisti um grande violonista com a companhia de uma bateria, um baixo e um teclado. Um espetáculo! Primeira vez que vi aquele tipo de formação para um concerto de violão. Saí embevecido e ao mesmo tempo refletindo o porquê de tão poucas pessoas. Após quinze dias, a gente lia jornal impresso, lembram? Li o anúncio de um trio de violonistas norte-americanos, desconhecidos, que iria se apresentar no mesmo local.
Lá vou eu novamente, tranquilo, caminhando rumo ao desconhecido. Quase que não consigo comprar o ingresso. A sala estava lotada! Impressionante! Saiu na mesma página do jornal, no espaço dedicado à cultura. Encontrei várias pessoas, não musicistas. Começou o “concerto”. Os três, tocando juntos, não davam um Marco Pereira, bêbado, tocando no boteco mais “pé sujo” da cidade. A plateia aplaudia efusivamente ao final de cada engodo violonístico. Saí na terceira execução! Não gosto de ser enganado de forma alguma, quanto mais quando o assunto é música.
Nicolelis cutucou minha memória!
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Músico, instrumentista e pesquisador musical