A omissão do essencial

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Por Joaci Góes

            Para o Cônsul e amigo Andrea Garziera!

            Desde a chegada de Tomé de Souza, à Bahia, em 1549, não encontramos qualquer momento em que a irrelevância do papel do Brasil no concerto das nações tenha sido tão acentuada quanto na atualidade, quando passamos a figurar como pária mundial, graças à gravidade dos erros primários do Governo Lula, para pânico de nossa reconhecidamente experiente diplomacia e desencanto de nossa elite de economistas e pensadores do social. Basta mencionar o isolamento em que nos encontramos na América do Sul onde nossa aliança preferencial é com a Venezuela e a Nicarágua, figurando os Estados Unidos como nosso desafeto ostensivo, a ponto do presidente americano se recusar a, sequer, receber um telefonema do brasileiro. Ineditismo sobre ineditismo!

            O resultado não poderia ser diferente: o crescente desencanto da sociedade chegou a ponto do percentual da população brasileira que reprova o Governo Lula superar os que o aprovam, sendo baixa e declinante a crença dos otimistas de que ocorram melhoras, não obstante as cosméticas alterações na estrutura da propaganda governamental, porque o problema não é de forma, mas de conteúdo, como o próprio governo diariamente atesta, ao demonstrar que só interessa fazer o que for positivo para ganhar as eleições de 2026, ficando o atendimento dos genuínos interesses das próximas gerações para as calendas gregas. A maior prova disso é o papel absolutamente secundário que a educação de qualidade ocupa na agenda oficial, como reiteradamente comprovado nos baixos índices de desempenho de nosso alunado, em todos os níveis, atitude fatal na sociedade do conhecimento em que estamos imersos, de que é prova a relação linear crescente entre qualidade da educação praticada pelos povos e seu nível de prosperidade. Basta comparar o desenvolvimento de Israel, Singapura, Coreia do Sul e dos países europeus, pobres de recursos naturais, com o atraso do Brasil e da Venezuela, dotados de grandes riquezas naturais, mas socialmente atrasados.

            A reiterada alternância entre momentos de avanço e de recuo, na administração pública brasileira, faz de nosso País um dos mais mal administrados do mundo, em razão, precisamente da má qualidade de nossa educação, dominada pelo mais terceiro-mundista gramscismo, acrescido da falta de acesso a saneamento básico para metade de sua população, acometida, por isso, de males físicos e intelectuais em seu desenvolvimento, resultando em uma longevidade média de baixos 54 anos de idade, contra 79 anos da outra metade, como demonstrado pela Oxfam, ONG inglesa, dedicada ao estudo da desigualdade dos povos, em relatório disponibilizado na Internet sob o título “A distância que nos une”.

            Até junto à maioria bovina da população do Nordeste, maior reduto eleitoral do PT, que vem se comportando como mulher de malandro que quanto mais apanha, mais se submete, ou como vítima da “síndrome de Estocolmo”, fenômeno psicológico que leva os torturados a amarem os seus torturadores como mecanismo de sobrevivência emocional, a percepção dos erros primários do atual governo é tamanha que ali a aprovação caiu 10 pontos nos últimos meses. Recorde-se que a Bahia é, historicamente, o maior curral eleitoral do PT, de cujos governos tem recebido entre pouco e quase nada, como ocorre no momento.

            Não é por falta de bons conselhos que o atual governo fracassa. Entre os grandes estudiosos da problemática nacional, figura o nome do aplaudido economista Paulo Rabello de Castro (1949- ), autor de copiosa e qualificada bibliografia. Em seu doutorado na Universidade de Chicago, o carioca Paulo Rabello de Castro, que presidiu o IBGE e o BNDES, no Governo Temer, teve entre os seus mestres três ganhadores do Nobel de Economia: Milton Friedman, Gary Becker e Theodore Schultz. Em sua derradeira tentativa de salvar do naufrágio seu terceiro mandato, Lula poderia fazer um seminário com os primeiros escalões do seu governo para debater as ricas lições que Paulo Rabello de Castro ministra em seu festejado livro de 2014 O Mito do Governo Grátis: O mal das políticas econômicas e as lições de 13 países para o Brasil mudar.

O povo brasileiro teria muito a ganhar!