Por Alessandra Nascimento
Passamos os dias assistindo diariamente histórias absurdas, irracionais, doentias. Desde o egoísmo puro, ceifando recursos financeiros de áreas como saúde e educação e, neste caso, me dirijo às notícias de corrupção contínuas além dos casos de violência que estão nos aterrando e embrutecendo.
Filhos que matam pais por questões financeiras. Pais que matam filhos por não saberem como lidar com suas necessidades ou simplesmente educá-los. Pessoas abandonadas à própria sorte dormindo nas ruas, orando por uma sopa quente à noite, tentando sobreviver à violência da situação.
Famílias cujas políticas de controle de natalidade não alcançou ou simplesmente não interessou mas cujas crianças se tornam vítimas da fome e da desesperança durante os momentos de crise. Oh quão são abençoadas as associações e entidades, religiosas ou assistencialistas, em seu trabalho de doação de cestas básicas e ajuda ostensiva para aquisição de roupas e medicamentos em momentos tão delicados.
Quem passou fome sabe a crueldade do descaso e a vergonha pela condição que enfrenta. Dentro de cada pessoa há uma história. Uma dor, uma luta, um sorriso, uma tristeza…
E nesse mundo dá para seguir sonhando e tendo esperança? Dá para ser romântico? Eu confesso que dá. Uma jovem de mais de 45 anos que a conheci por redes sociais é fantasticamente apaixonada por livros. Romances, especificamente, e é administradora do grupo ao qual estou como mera leitora.
Falo dessa jovem pois ela está fazendo tratamento de câncer. Já desenganada pela medicina mas, como nas heroínas dos livros que ela em nosso grupo nos comparte, não se rende. Nos explica as reações da quimio mas sempre conversa sobre a história do livro. Não passa um dia em que não troque mensagens no grupo.
Todos os dias ela nos compartilha livros de romance. Confesso que no primeiro momento que iniciei a leitura de um dos livros dispostos no grupo, não sabia o quanto me tornaria aficcionada. Os romances envolvem uma aura medieval, com reis e rainhas, principes banidos e princesas esquecidas. Guerreiros élficos, anões, fadas e anjos que se apaixonam dando origem à uma linhagem na humanidade cuja tarefa é manter a paz.
A jovem administradora do grupo, que nunca reclama de seu estado físico. Pelo contrário, seu otimismo contagia quando expõe algo engraçado de algum personagem. Ela religiosamente nos envia capítulos entre uma sessão de quimio e abre para que todas nós, mulheres (sim, o grupo é de mulheres) possamos expressar solidariedade mas perceber o quanto são pequenos nossos problemas diante da limitação da vida.
São nesses momentos que me esqueço das noticias tristes da realidade árdua dos noticiarios televisivos e me transporto para um mundo de dragões, amores impossíveis, juras eternas e lealdade entre cavaleiros.
É meus leitores. Nada melhor que uma boa leitura para oxigenar o cérebro e recordarmos que somos seres que precisamos aprender a sermos felizes. Dedico esse artigo a administradora do grupo de leitura. Obrigada por me ensinar a olhar mais adiante e que Deus a abençoe e logo sua saúde se estabeleça.
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Editora-chefe do Site Café com Informação; Articulista do Jornal Tribuna da Imprensa, do Rio de Janeiro; Correio Regional e Portal Noticia Capital; ex-correspondente Internacional