Por Ernane Gusmão
Quero correr o mundo feito vento
solto, vadio, leve, inconsequente
Tanger a chuva pela saia, rente
E às dunas alvas emprestar alento
Beijar na crista a ondas, espumento
secar os pingos no Siroco quente
Vagas aa plagas doces do oriente
e ao longo do deserto errar sedento
Uivar de frio à fresta das janelas
Encher lascivo o quarto das donzelas
aconchegar-me em leitos recamados
E de manhã bem cedo, a porta aberta
ganhar de novo o mundo que me oferta
a natureza e os campos perfumados
————————————
Escritor e poeta