Uma tentativa redentora

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Por Joaci Góes
(Ao casal amigo Mariana e Roberto Carlos)
Como já abordamos neste mesmo espaço, robustece nossa crença em que uma das mais urgentes iniciativas, para melhorar a educação no Brasil, consiste na transferência para os colégios das Forças Armadas e das Polícias Militares, reconhecidos pela boa qualidade do ensino que, historicamente, praticam, parte do ensino médio brasileiro, todo ele de caráter profissionalizante, ajustado às demandas de nosso tempo, como praticam as nações mais desenvolvidas. Um percentual dessa transferência, da ordem de 20% do alunado, poderia ser efetuado, gradativamente, ao longo de dez anos. É evidente que os recursos correspondentes seriam transferidos dos estados para as novas entidades responsáveis pelo ensino. Percentual semelhante seria confiado ao setor privado. Teríamos, portanto, 40% do alunado do ensino médio, redistribuídos entre escolas militares e o setor privado, no curso dos próximos dez anos.

Por essa via, dar-se-ia ostensiva visibilidade ao que as pessoas inteligentes e honestas reconhecem: o fracasso de nossa educação, de caráter ostensivamente gerencial, não decorre da escassez de recursos, mas do viés abusivamente ideológico a ela imprimido por um gramscismo passadista, ignorado no Primeiro Mundo e abraçado, apenas, pelo tolo, grosseiro e primário esquerdismo característico de parcela substancial do Terceiro Mundo. A causa do atraso dessas regiões, aliás, reside, precisamente, no primarismo de desconhecer que na sociedade do conhecimento em que estamos imersos, é perceptivelmente crescente a relação linear entre educação e a qualidade de vida dos povos. Esse estrabismo sociológico suicida é, em grande medida, alimentado pelo ressentimento dos que confundem diferenças com desigualdades, como se já não bastassem as ingentes desigualdades que bloqueiam e desqualificam nosso avanço social-coletivo.
Graças à abundância produzida pelo capitalismo, as camadas de mais baixa renda das sociedades prósperas, a exemplo de Estados Unidos, Canadá, todos os países da Europa, Austrália, Nova Zelândia, Japão, Coreia do Sul e Singapura, dentre outros, usufruem de uma qualidade de vida superior à dos mais ricos e poderosos, ao tempo de Karl Marx. Basta mencionar a qualidade da saúde, da alimentação, do conforto do ar refrigerado, da televisão e do celular, sem falar na facilidade da locomoção entre cidades, regiões e países. Ignoram ou fingem ignorar esses pregoeiros da miséria, dominados por invencível sentimento de inveja, o princípio segundo o qual “Uma maré montante levanta todos os barcos” (A rising tide lifts all boats).
Os resultados alcançados pela inovadora prática de incorporação de novas dimensões ao esforço de aprimoramento de nosso processo educacional, dariam régua e compasso à evolução do processo, servindo de parâmetro para procedimentos similares relativamente ao ensino primário e superior públicos, ambos sucateados. Basta mencionar que mais de metade dos alunos da rede pública concluem o primário sem saber ler um outdoor, enquanto nossa universidade pública, entre as mais caras do mundo, per capita, lança, anualmente, no mercado, profissionais sem a qualificação mínima para o cumprimento de suas atribuições.
Reconheçamos, de plano, as dificuldades para encontrar governantes dispostos a enfrentar as resistências de um status quo que se nutre, precisamente, da continuidade do atraso de nosso processo educacional.
A Bahia que reúne os mais baixos índices em matéria de IDH reúne os elementos para dar a volta por cima, se a tanto se dispuser o Governador do Estado.
Que Deus o inspire a alçar-se à altura desse grande e redentor desafio.