Bruno Reis se supera, Kleber Rosa faz história e Geraldinho foi rifado

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Por Victor Pinto

A reeleição de Bruno Reis (UB) em Salvador, com uma vitória expressiva no primeiro turno, não só consolida a capital baiana como um reduto firme do grupo de ACM Neto (UB), como também marca o início de uma nova etapa para Bruno como liderança política amadurecido. Com 78,68% dos votos válidos, Bruno ultrapassou o percentual que o próprio ACM Neto conquistou em 2016, demonstrando que, de fato, deixou de ser apenas uma criação de Neto para se afirmar como uma figura central da oposição no Estado. Essa vitória amplia seu capital político para as eleições de 2026, quando ele certamente será um dos principais nomes do grupo de oposição, ou para composição ou para articulação.

Bruno construiu sua campanha de maneira estratégica, aproximando-se das comunidades e criando uma imagem de gestor acessível. Ao se envolver diretamente nas paradas pelas periferias, com ações simples como “o prato de pirão e o churrasquinho de gato”, ele conseguiu se conectar com o eleitor de forma genuína. Essa aproximação reflete o desejo do eleitor de Salvador em ver, na urna, um representante que entende suas demandas cotidianas e se coloca como parte da realidade popular, por mais que a oposição tivesse passado toda a campanha dizendo que Bruno não era o representante disso. Mas nada colava contra ele. A continuidade desse trabalho de base, que já vinha sendo realizado em sua primeira gestão, fortaleceu sua imagem de proximidade com as comunidades.

Outro ponto que exemplifica essa tendência de valorização da humildade e do contato direto com o povo é a eleição histórica do agora vereador eleito Jorge Araújo (PP), o mais votado de Salvador de maneira expressiva das últimas seis eleições da capital: mais de 36 mil votos, superando até o atual presidente da CMS, Carlos Muniz, que obteve 24 mil votos. Araújo, repórter da Band Bahia, representa essa mesma expectativa do eleitor: um político acessível, presente e comprometido com as demandas locais e assim será esperado do seu futuro mandato.

No entanto, a grande surpresa da eleição foi a ascensão de Kleber Rosa (PSOL), que terminou na segunda colocação, superando Geraldo Júnior (MDB), candidato apoiado pelo governador Jerônimo Rodrigues (PT) e pelo senador Jaques Wagner (PT). O bom desempenho de Kleber, histórico para o PSOL entre as eleições da capital e da disputa do governo do Estado, impõe uma nova dinâmica na esquerda em Salvador, colocando-o como uma alternativa viável à hegemonia do PT como partido de oposição na capital. Kleber contradiz a tese defendida por Wagner e Jerônimo de que Geraldo Júnior seria a melhor opção para enfrentar o grupo de ACM Neto. Essa derrota fragorosa abre espaço para questionamentos: o PT realmente apostava em Geraldo como um candidato competitivo ou o lançou à “Cova dos Leões” para, de certa forma, queimá-lo politicamente e descartá-lo no futuro? Rifado da chapa em 2026? Os sinais foram dados ao longo do percurso…

Essa derrota de Geraldo Júnior cai diretamente sobre Jaques Wagner, que foi o principal fiador de sua candidatura. A derrota não só enfraquece Geraldo, mas também coloca em xeque a estratégia do PT para 2026, já que Wagner terá que reavaliar suas alianças e definir novas lideranças capazes de enfrentar o grupo netista, que sai fortalecida dessas eleições, com Feira de Santana com Zé Ronaldo; Vitória da Conquista com Sheila Lemos e Lauro de Freitas com Débora Regis. 

O time de ACM Neto conseguiu garantir vitórias importantes em municípios estratégicos, demonstrando que, mesmo após a derrota nas eleições estaduais de 2022, o grupo segue fortalecido no cenário baiano. As pesquisas de Salvador, por exemplo, acertaram o cenário. No entanto, é preciso reconhecer que a base de apoio ao governo estadual ainda é muito robusta quando visto no macro. O caminho até 2026 será marcado por uma disputa intensa, em que cada vitória municipal e cada nova aliança farão a diferença. O resultado deste ano serve de termômetro, mas muito ainda será discutido e definido até lá. A conferir. 

Victor PintoJornalista _ 

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