Por Victor Pinto
Nesta semana, o secretário de Relações Institucionais, braço direito do governador Jerônimo Rodrigues (PT), o ex-prefeito Luiz Caetano (PT), lançará sua pré-candidatura a prefeito de Camaçari. Os holofotes políticos da Região Metropolitana de Salvador se voltam para o evento da próxima sexta-feira, primeiro dia do mês de março. O petista precisa fazer um ato igual ou maior daquele realizado por seu opositor, o atual chefe do Executivo, Antônio Elinaldo (UB), quando apresentou Flávio Matos (UB), atual presidente da Câmara de Vereadores, como seu nome para sucessão.
Todos os olhares se voltam, pois até os muros dos prédios do Centro Administrativo da Bahia sabem da articulação política do governo do Estado e do PT, consequentemente, para centrar fogo em Camaçari. A cidade é a prioridade “zero zero” na lista total dos municípios e mais até do que Salvador, diga-se de passagem. E são vários os fatores que apontam para isso. Vejamos…
No bojo das maiores cidades governadas pelo grupo ligado a ACM Neto (UB), há quem diga ser o solo de Camaçari, por se tratar de uma sucessão, com modelo diferente das demais, o mais fértil para emplacar um atual aliado do governador Jerônimo. Não que o jogo já esteja jogado, mas existe uma inclinação para dispor energia e equipe por Caetano, como espécie de retribuição aos esforços feitos por ele na eleição de 2022. Retomar essa área é dar um duro golpe nas hostes netistas.
Desde a década de 80, com o voto direto, Caetano foi prefeito por três vezes, uma pelo MDB (1986) e outras duas pelo PT (2005 e 2009), inclusive emplacou seu sucessor, Ademar Delgado pelo mesmo PT em 2013, com rompimento histórico depois entre eles dois. Na eleição de 2016 foi a derrocada de vez do grupo, com as duas vitórias sucessivas de Elinaldo.
A geografia do voto nos mostra a importância de Camaçari no tabuleiro político do Estado. Além de ser uma cidade rica e que a partir de 2025 terá um case de sucesso internacional com a instalação, principalmente, da BYD, recuperando o polo industrial automobilístico, a cidade consegue ser porta de entrada e de formação de atores políticos. Basta lembrar, por exemplo, que antes de ser governador, Jaques Wagner (PT) foi candidato derrotado na busca pela prefeitura local em 2000, mas passou a se projetar por ali. Outros candidatos a deputados, derrotados ou eleitos, se utilizaram ou ainda se utilizam das articulações locais para se promoverem.
Outro ponto: por ser muito próximo de Salvador, do centro do poder estadual, é um ponto de continuação para indicação de aliados políticos em sua estrutura organizacional, assim como Lauro de Freitas é para o PT em algumas áreas, e como hoje Camaçari funciona para o grupo netista.
Por isso a prioridade “zero zero” para o governo. Outro detalhe: não se assustem, diante do seu crescimento populacional, a cidade contar com segundo turno a partir desse pleito. Isso muda, inclusive, as estratégias eleitorais já em curso. Caetano, por exemplo, tem tido a proeza de unir, internamente, nomes “ruisitas” e “wagneristas” nessa cruzada. Elinaldo vai ter que suar a camisa com Flávio, quadro bem mais jovial, pois enfrentará uma máquina estadual com mais sede de fazer política do que em 2020. A conferir.