Os desafios e dividendos políticos para 2028 com Ana Paula na Secult

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Por Victor Pinto

A ida da vice-prefeita Ana Paula Matos (PDT) para a Secretaria de Cultura e Turismo de Salvador (Secult) é uma movimentação estratégica com um grande potencial de lucro político. Até então, Ana Paula havia se consolidado em áreas voltadas para o social e a administração, como a Secretaria de Promoção Social e Combate à Pobreza (Sempre) e a Secretaria da Saúde (SMS). Agora, assume um setor que carrega um peso simbólico, tanto para a identidade de Salvador quanto para sua economia.

A Cultura e o Turismo são pilares da capital baiana. Salvador é uma cidade que respira cultura e se sustenta, em boa parte, pelo turismo. A Secult, não é apenas uma pasta administrativa, mas uma vitrine. Quem ocupa essa cadeira, sabendo fazer articulações corretas e com o lastro dado por quem tem a caneta do Executivo, ganha projeção nacional e pode se tornar um nome forte para futuras disputas políticas. Para Ana Paula, que já aparece como um dos principais quadros do PDT na Bahia e é vista como uma possível sucessora de Bruno Reis (UB) em 2028, essa nomeação pode ser a peça que faltava para consolidar sua tentativa de voos mais altos.

Porém, na minha opinião, assumir a Secult não é tarefa fácil. A pasta tem um histórico de demandas intensas e uma relação delicada com os diversos segmentos culturais da cidade. Diferente da Saúde e da Promoção Social, onde o foco está na execução de políticas públicas essenciais, a Cultura exige articulação com diferentes grupos, negociações constantes e, principalmente, um jogo de cintura para lidar com setores mais sensíveis e críticos ao poder público.

A classe artística de Salvador é historicamente engajada e cobra investimentos mais consistentes na cultura local. Nos últimos anos, houve um crescimento na demanda por maior participação dos artistas independentes nos eventos promovidos pela prefeitura, além da necessidade de um diálogo mais próximo com setores que representam a cultura afro-baiana e as expressões populares da cidade. Ana Paula precisará administrar essas expectativas e construir pontes que possam garantir apoio sem gerar ruídos desnecessários.

Já no Turismo, os desafios são de outra natureza. Com Salvador consolidada como um dos destinos mais procurados do Brasil, há uma cobrança constante por melhoria da infraestrutura turística, ampliação da promoção da cidade em mercados internacionais e maior apoio a eventos culturais e religiosos que movimentam a economia local. A vice-prefeita chega à pasta com a missão de manter Salvador no topo das preferências dos turistas, mas também de diversificar e democratizar o acesso às ações do setor.

Estar à frente da Secult permite à vice-prefeita um trânsito maior com setores que até então não faziam parte de sua base natural de apoio. A relação com artistas, produtores culturais, empresários do turismo e representantes de associações do setor pode ampliar sua rede de alianças. 

Minha análise é que sua nova posição a coloca diretamente na linha de frente da gestão, com visibilidade e um leque de oportunidades para ampliar sua influência política. O prefeito Bruno Reis, ao coloca-la para a Secult, também faz um gesto estratégico. A nomeação reforça o espaço do PDT na administração e cria um ambiente mais favorável para que a vice-prefeita tenha um papel ativo na sucessão municipal. Ao mesmo tempo, Bruno Reis garante que a gestão da Cultura e do Turismo fique nas mãos de uma aliada de confiança, evitando turbulências que possam afetar sua própria imagem.

O desafio é entregar conjuntamente resultados e consolidar uma marca de gestão que vá além da administração burocrática. Se Ana Paula conseguir construir uma Secult que dialogue bem com os diversos setores da cultura e do turismo, garantindo inclusão, participação e crescimento econômico, ela sairá ainda mais forte do que entrou. Além do holofote necessário para se viabilizar como possível candidata em 2028. A conferir.