Thomé de Souza pilota 2024 enquanto oposição ainda patina

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Por Victor Pinto
Por mais que estejamos longe mais de um ano das eleições de 2024, os bastidores da política soteropolitana pulsam as estratégias e os rascunhos para o futuro. Tivemos uma última semana de fatos relevantes, a exemplo da filiação do presidente da Câmara, Carlos Muniz, ao PSDB e um discurso mais incisivo da vice-prefeita Ana Paula Matos (PDT) que tem buscado defender sua permanência na chapa futura de Bruno Reis (UB). 

No primeiro caso, Muniz surpreendeu a todos. Em uma operação que chamou atenção das duas frentes da política local, situação e oposição, a escolha pelo PSDB deixa um caminho claro de relação com a base brunista e, mais do que isso, por mais que cafés e fotos tenham sido tiradas para apaziguar qualquer situação com aliados do outro campo, o ingresso no ninho tucano foi um recado bem dado que transcende o campo político. Porém, nos corredores do Palácio Thomé de Souza existe uma certeza: até março do ano que vem, quando ainda existe a possibilidade da janela partidária, haverá uma certa desconfiança da manutenção do chefe do Legislativo soteropolitano em uma sigla da base. A prova dos nove será tirada depois desse período. 

Já no segundo caso, a fala de Ana Paula, em entrevista que me foi concedida na Band News FM, também surpreendeu. Sempre comedida ao falar da política, ela demarcou fortemente o território para estar na chapa de Bruno Reis. Ameaça pela pedida do Republicanos ou até mesmo de quadros do seu próprio partido, a exemplo Léo Prates (PDT) que não esconde sua vontade de ser prefeito da Capital, Ana foi categórica: agradeceu o convite feito pelo deputado Samuel Júnior, do Republicanos, e confirmou que tem a vaga por “por direito, por história, esse assento no meu partido [O PDT] e não acredito que ninguém vai me empurrar da cadeira”.

Alguns viram a atitude como correta e de posição certeira no jogo da correlação de forças. Outros acharam certo, mas feita de maneira antecipada para um jogo que só será alinhavado em meados de maio de 2024. Já uma corrente forte, que foi contrariada no período da gestão de Ana Paula à frente da secretaria de Governo, aproveitou o ato para promover o fogo amigo e acusá-la de colocar pressão sobre o prefeito. Eu, particularmente, não enxergo dessa forma. A legitimidade da ainda pedetista se faz inquestionável até então e ainda mais quando se trata de uma mulher.

Por último, por mais que o Coronel Sturaro e o prefeito tenham negado qualquer pano de fundo eleitoral na sua nomeação para gerir a prefeitura bairro do Centro Histórico, um fato que repercutiu muito, é visível uma aproximação com o núcleo que caminhou com João Roma (PL) nas eleições passadas. Bruno precisa, no atual contexto, tê-los ao seu lado como uma forma de neutralizar qualquer tipo de interferência no próximo pleito que facilite um segundo turno ou abra caminho para o principal polo opositor, ligado ao governo do Estado. 

Se por um lado a base brunista tem gerado fatos sobre a corrida palaciana, por outro a oposição ainda patina. O único fato considerável se trata do fortalecimento interno, a cada dia, do presidente da Conder, Zé Trindade (PSB), como pré-candidato único a prefeito da capital sob as bençãos de Jerônimo Rodrigues (PT) e Rui Costa (PT), diga-se de passagem. Para tanto, já cogita trocar o PSB pelo PT, por exemplo. Ainda há um caminho pela frente, mas o grupo da situação já está galopante à frente, até então.
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Jornalista// twitter: @victordojornal